segunda-feira, setembro 26, 2005

O Coroamento de uma Carreira

Sábado tive a honra de estar no coroamento da carreira do artista mais falado aqui no blog...
Geraldinho Lins fez um show emocionante, o próprio estava visivelmente emocionado, defendendo as cores de Pernambuco como faz desde a época do Flor da Pele e depois do Quenga de Coco...
A emoção de ver um amigo sendo ovacionado por um público que sabia de cor suas canções e encontrar pessoas que não via há muito tempo, que como eu acompanharam todo o inicio de carreira dele, realmente tornou a noite de sábado muito especial, principalmente para mim, já que até arriscar uns passos de forró eu arrisquei com uma pessoa muito especial na minha vida, né Milla????
As músicas de hoje estavam no repertório do show e espero que estejam no DVD, já que são marcas registradas dessa brilhante carreira:



Xote da Saudade
(Geraldinho Lins / Carlinhos Borges)

Eu já sabia
Que um dia sentiria saudade sua
Pedi arrego todo dia aquela Lua
E me inspirava em teu olhar pra cantar
E o aconchego
E o teu chamego agora só era lembrança
A paz não vinha
E o jeito era entrar na dança
Queria te esquecer pra nunca mais sofrer
Mas não é assim
Ninguém manda em coração apaixonado
Tô entregue, tô todo desmantelado,
Por causa do amor que você me ensinou
E essa dor
Eu consolo com o toque de sanfona
Enquanto você não vem
Eu espero noite e dia
Fazendo fantasias
Recriando nosso mundo
E doeu sim
Foi a saudade que bateu
Tenha dó de mim
E vem ficar mais eu

Amor do Sertão
(Geraldo Lins/ Luciano Barros)

Amor do Sertão
Aconteceu comigo
Lá para as bandas da Bahia
Cheirei a menina
Nos seus olhos se via meu futuro, minha sina
Meu pranto rolava como as águas das cascatas
Daí a pouco a viola choraria
Toda a dor que meu peito confrangia
E a saudade da cabloca que saiu em retirada
Igualzim aos Passarim que saíram em revoada
Deixando no sertão uma alma abandonada
Mas deixe está ingratidão
Ao cantar da Patativa outro sol já vai nascer
Vou tirar de minha mente
Vou cantar outro repente, vou tentar te esquecer...
A solidão bateu Asa Branca foi-se embora
Mandacaru secou, está chegando minha hora
Minha vida agora é noite, já não vejo mais a aurora
Tudo pro causa da cabloca que nasceu lá no sertão
Tomando minha vida e também meu coração
Me prometendo muito amor, mas me trocou por outro João

Poeta Cantador
(Geraldo Lins)
Canto um repente, pra falar de nossa gente
Quer viver dignamente, quer a viola tocar
Puxa um fole na sanfona cheira a nega no gangote
Vou cantar lá pelo Norte, poesia nordestina
Divulgada na Argentina, Bariloche, Cuiabá
Viro A noite pelo avesso, sou poeta cantador
Morena reconheço, com seu jeito tentador
Você me mata de amor, caatinga seca o açude vai secando
E a vida vai mudando novamente devagar
Religião e a crença popular, reza para Padim Ciço não deixar tudo acabar
Tem Lampião, o terror da região
Cabra macho desbravador, das entranhas do sertão
Tem casamento na noite de São João
A fogueira tá acesa, tem forró a noite inteira
É Maria com João

Nação Nordestina
(Geraldo Lins/ Luciano Barros)

Os meus olhos procuraram tanto, tanto um canto e acharam
Vida de errante que vagueia como um som enluarado
E pra começo de conversa eu só tô interessado
Em falar num tom medonho, pra quem vem prevaricando
Mesmo estando calejado eu não vou ficar calado
Vou falar da minha gente, continuo dizendo oxente
Graças a Deus a esse estado de fraqueza
Eu já tô imunizado, minha nação é nordestina
E trás no sangue o suor dessa caatinga
E tem no peito o alimento da fé
Embora a seca tenha secado o seu pranto
O mundo agora vai ter que ouvir meu canto
Sou renitente, continuo dizendo oxente
Vou vingar meu astral cultureiro
Balaiada, Gonzaga, Conselheiro
Vou acordar o Maracatu que tá dormente
Lá na Europa, Paris e no Oriente
Nova Iorque vai ouvir o meu repente
Em todo canto eu vou dizer oxente
Um abraço para todos:
Beto L. Carvalho
Carpe Diem

Nenhum comentário: