sábado, maio 07, 2005

Uma Música que Ainda é Atual


Salve Renato Russo
Hoje o blog está diferente, eu considero essa música que está sendo tema daqui como sendo um clássico da música brasileira...
Com certeza tem muita gente que acha um saco, mas não podemos desmerecer uma música que na verdade é uma história de nove minutos, só uma cabeça como a de Renato Russo...
O Faroeste Cabloco, nunca esteve tão atual, com essa onda de criminalidade que enfrentamos em todo nosso país...
Essa obra prima que foi gravada na década de oitenta pelo Legião Urbana, nos mostra a face da violência que atinge todos os que tentam lutar para um país digno e que acabam tendo que aderir ao mundo do crime para sobreviver...
Vamos a ela:

Faroeste Caboclo
(Renato Russo )
Não tinha medo o tal João de Santo Cristo
Era o que todos diziam quando ele se perdeu
Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda
Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu
Quando criança só pensava em ser bandido
Ainda mais quando com tiro de soldado o pai morreu
Era o terror da cercania onde morava
E na escola até o professor com ele aprendeu
Ia pra igreja só pra roubar o dinheiro
Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar
Sentia mesmo que era mesmo diferente
Sentia que aquilo ali não era o seu lugar
Ele queria sair para ver o mar
E as coisas que ele via na televisão
Juntou dinheiro para poder viajar
E de escolha própria escolheu a solidão
Comia todas as menininhas da cidade
De tanto brincar de médico aos doze era professor
Aos quinze foi mandado pro reformatório
Onde aumentou seu ódio diante de tanto terror
Não entendia como a vida funcionava
Descriminação por causa da sua classe e sua cor
Ficou cansado de tentar achar resposta
E comprou uma passagem foi direto a Salvador
E lá chegando foi tomar um cafezinho
E encontrou um boiadeiro com quem foi falar
E o boiadeiro tinha uma passagem
Ia perder a viagem mas João foi lhe salvar:
Dizia ele "- Estou indo pra Brasília
Nesse país lugar melhor não há
Tô precisando visitar a minha filha
Eu fico aqui e você vai no meu lugar"
E João aceitou sua proposta
E num ônibus entrou no Planalto Central
Ele ficou bestificado com a cidade
Saindo da rodoviária viu as luzes de natal"-
Meu Deus mas que cidade linda!
No Ano Novo eu começo a trabalhar"
Cortar madeira aprendiz de carpinteiro
Ganhava cem mil pro mês em Taguatinga
Na sexta feira foi pra zona da cidade
Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador
E conhecia muita gente interessante
Até um neto bastardo do seu bisavô
Um peruano que vivia na Bolívia
E muitas coisas trazia de lá
Seu nome era Pablo e ele dizia
Que um negócio ele ia começar
E Santo Cristo até a morte trabalhava
Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar
E ouvia às sete horas o noticiário
Que dizia sempre que seu ministro ia ajudar
Mas ele não queria mais conversa
E decidiu que como Pablo ele ia se virar
Elaborou mais uma vez seu plano santo
E sem ser crucificado a plantação foi começar
Logo, logo os maluco da cidade
Souberam da novidade"-
Tem bagulho bom ai!"
E João de Santo Cristo ficou rico
E acabou com todos os traficantes dali
Fez amigos, freqüentava a Asa Norte
Ia pra festa de Rock pra se libertar
Mas de repente
Sob um má influência dos boyzinhos da cidade
Começou a roubar
Já no primeiro roubo ele dançou
E pro inferno ele foi pela primeira vez
Violência e estupro do seu corpo"-
Vocês vão ver, eu vou pegar vocês!"
Agora Santo Cristo era bandido
Destemido e temido no Distrito Federal
Não tinha nenhum medo de polícia
Capitão ou traficante,
Playboy ou general
Foi quando conheceu uma menina
E de todos os seus pecados ele se arrependeu
Maria Lúcia era uma menina linda
E o coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu
Ele dizia que queria se casar
E carpinteiro ele voltou a ser"-
Maria Lúcia eu pra sempre vou te amar
E um filho com você eu quero ter"
O tempo passa
E um dia vem na porta um senhor de alta classe com dinheiro na mão
E ele faz uma proposta indecorosa
E diz que espera uma resposta, uma resposta de João"-
Não boto bomba em banca de jornal
E nem em colégio de criança
Isso eu não faço não
E não protejo general de dez estrelas
Que fica atrás da mesa com o cú na mão
E é melhor o senhor sair da minha casa
Nunca brinque com um peixe de ascendente escorpião
"Mas antes de sair, com ódio no olhar
O velho disse:
"- Você perdeu a sua vida, meu irmão!"
"- Você perdeu a sua vida, meu irmão"
"- Você perdeu a sua vida, meu irmão"
Essas palavras vão entrar no coração
"- Eu vou sofrer as conseqüências como um cão."
Não é que o Santo Cristo estava certo
Seu futuro era incerto
E ele não foi trabalhar
Se embebedou e no meio da bebedeira
Descobriu que tinha outro trabalhando em seu lugar
Falou com Pablo que queria um parceiro
Que também tinha dinheiro e queria se armar
Pablo trazia o contrabando da Bolívia
E Santo Cristo revendia em Planaltina
Mas acontece que um tal de Jeremias
Traficante de renome apareceu por lá
Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo
E decidiu que com João ele ia acabar.
Mas Pablo trouxe uma Winchester 22
E Santo Cristo já sabia atirar
E decidiu usar a arma só depois
Que Jeremias começasse a brigar
Jeremias maconheiro sem vergonha
Organizou a Roconha e fez todo mundo dançar
Desvirginava mocinhas inocentes
E dizia que era crente mas não sabia rezar
E Santo Cristo há muito não ia pra casa
E a saudade começou a apertar
"- Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lúcia
Já está em tempo de a gente se casar"
Chegando em casa então ele chorou
E pro inferno ele foi pela segunda vez
Com Maria Lúcia Jeremias se casou
E um filho nela ele fez
Santo Cristo era só ódio pro dentro
E então o Jeremias pra um duelo ele chamou
"- Amanhã, as duas horas na Ceilândia
Em frente ao lote catorze é pra lá que eu vou
E você pode escolher as suas armas
Que eu acabo com você, seu porco traidor
E mato também Maria Lúcia
Aquela menina falsa pra que jurei o meu amor"
E Santo Cristo não sabia o que fazer
Quando viu o repórter da televisão
Que deu notícia do duelo na TV
Dizendo a hora o local e a razão
No sábado, então as duas horas
Todo o povo sem demora
Foi lá só pra assistir
Um homem que atirava pelas costas
E acertou o Santo Cristo
E começou a sorrir
Sentindo o sangue na garganta
João olhou as bandeirinhas
E o povo a aplaudir
E olhou pro sorveteiro
E prás câmeras e a gente da TV que filmava tudo ali
E se lembrou de quando era uma criança
E de tudo o que viveu até aqui
E decidiu entrar de vez naquela dança
"- Se a via-crucis virou circo, estou aqui."
E nisso o sol cegou seus olhos
E então Maria Lúcia ele reconheceu
Ela trazia a Winchester 22
A arma que seu primo Pablo lhe deu
"- Jeremias, eu sou homem.
Coisa que você não é
Eu não atiro pelas costas, não.
Olha pra cá filha da puta sem vergonha
Dá uma olhada no meu sangue
E vem sentir o teu perdão"
E Santo Cristo com a Winchester 22
Deu cinco tiros no bandido traidor
Maria Lúcia se arrependeu depois
E morreu junto com João, seu protetor
O povo declarava que João de Santo Cristo
Era santo porque sabia morrer
E a alta burgesia da cidade não acreditava na história
Que ele viram da TV
E João não conseguiu o que queria
Quando veio pra Brasília com o diabo ter
Ele queria era falar com o presidente
Pra ajudar toda essa gente que só faz
Sofrer
Um abraço:
Beto L. Carvalho
Carpe Diem

sexta-feira, maio 06, 2005

Uma Dose que é Dupla


Vale o Investimento


A gravadora Warner lançou uma série que me chamou a atenção e que merece registro aqui no blog...
Dose Dupla vem com um cd e um dvd, os dois mais baratos do que cada um individualmente, com isso acho que vale a pena o investimento...
Procurem essa preciosidade nas lojas que garanto não irão se arrepender...
As músicas de hoje são quatro que estão em alguns volumes dessa coleção, respectivamente, Gilberto Gil, Maria Rita, Familia Caymmi, Oswaldo Montenegro:

A Rita
(Chico Buarque)
A Rita levou meu sorriso
No sorriso dela
Meu assunto
Levou junto com ela
E o que me é de direito
Arrancou-me do peito
E tem mais
Levou seu retrato, seu trapo, seu prato
Que papel!
Uma imagem de são Francisco
E um bom disco de Noel
A Rita matou nosso amor
De vingança
Nem herança deixou
Não levou um tostão
Porque não tinha não
Mas causou perdas e danos
Levou os meus planos
Meus pobres enganos
Os meus vinte anos
O meu coração
E além de tudo
Me deixou mudo
Um violão
Encontros E Despedidas
(Milton Nascimento/ Fernando Brant)
Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero
Todos os dias é um vai e vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim chegar e partir
São os dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida...
Marina
(Dorival Caymmi)
Marina, morena, Marina você se pintou
Marina você faça tudo mas faça o Favor ...
Não pinte esse rosto que eu gosto
Que eu gosto e que é só meu
Marina, você já é bonita com o que
Deus lhe deu
Já me aborreci, me zanguei,
Já não posso falar
E quando eu me zango, Marina
Não sei perdoar
Eu já desculpei muita coisa
Você não arranjava outro igual
Desculpe, morena, Marina
Mas eu tô de mal
Eu tô de mal com você
Eu tô de mal com você
Eu tô de mal com você
Taxímetro
(Oswaldo Montenegro)
Eu tava andando na rua, chovia e tava calor
Como um taxímetro o olhar registrava
E me cobrava tudo o que já passou
E você
Me odeia e eu entendo e Deus
Passou lotado por nós
Não, não esqueça que a cabeça abandonou minha voz
A gente andou pela Lua, mas nunca andou de metrô
Eu só estranhava quando te via nua e preferia de vestido bordô
E você
Me odeia e eu entendo e Deus
Passou lotado por nós
Não, não esqueça que a cabeça abandonou minha voz.
Um abraço para todos:
Beto L. Carvalho
Carpe Diem

quinta-feira, maio 05, 2005

Doe Orgãos, Salve Vidas


Doe Vida!!!!


Fazendo mea culpa na minha vida, descobri que estava tendo uma atitude mesquinha colocando nos meus documentos que não seria doador de orgãos...
Não sei se era medo do comércio de orgãos que os levaria antes da morte ser compprovoda ou se era apenas um receio da morte...
Mas observando a história dessas três irmãs que nasceram com problemas renais fiquei impressionado com a força de vontade delas e a aflição da mãe, pois ela só tinha um rim para fazer um transplante e as três precisavam...
Essa semana está fazendo dois meses que a mais necessitada delas recebeu o rim da mãe e existe uma grande possibilidade das outras duas conseguirem doadores...
Por isso resolvi fazer minha parte e divulgar o trabalho dessa ong que tem como madrinha Glória Pires, prima das meninas, e vocês podem conhecer, clicando no titulo acima...
Para não fugir do espírito do blog irei colocar apenas uma música que é o tema da campanha de doações de orgão feita por essa entidade e é um dos grades sucessos de Gonzaguinha:


O Que é, o Que é?
(Luiz Gonzaga JR)
Eu fico com a pureza das respostas das crianças:
É a vida! É bonita e é bonita!
Viver e não ter a vergonha de ser feliz,
Cantar, e cantar, e cantar,
A beleza de ser um eterno aprendiz.
Ah, meu Deus! Eu sei
Que a vida devia ser bem melhor e será,
Mas isso não impede que eu repita:
É bonita, é bonita e é bonita!
E a vida? E a vida o que é, diga lá , meu irmão?
Ela é a batida de um coração?
Ela é uma doce ilusão?
Mas e a vida? Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é, meu irmão?
Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo,
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo,
Há quem fale que é um divino mistério profundo,
É o sopro do criador numa atitude repleta de amor.
Você diz que é luta e prazer,
Ele diz que a vida é viver,
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é, e o verbo é sofrer.
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé,
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser,
Sempre desejada por mais que esteja errada,
Ninguém quer a morte, só saúde e sorte,
E a pergunta roda, e a cabeça agita.
Fico com a pureza das respostas das crianças:
É a vida! É bonita e é bonita!
É a vida! É bonita e é bonita!
Um abraço para todos:
Beto L. Carvalho
Carpe Diem

quarta-feira, maio 04, 2005

Músicas Sobre Trens 2


Trens Musicais 2

Quem nunca pegou um trm na vida, hoje teremos aqui Lô Borges, Roupa Nova, Maria Bethânia e Cazuza...
Sem falar muito vamos dar continuidade ao post de ontem, colocando mais quatro músicas sobre trens:


O Trem Azul
( Lô Borges)
Coisas que a gente se esquece de dizer
Frases que o vento vem as vezes me lembrar
Coisas que ficaram muito tempo por dizer
Na canção do vento não se cansam de voar
Você pega o trem azul, o Sol na cabeça
O Sol pega o trem azul, você na cabeça
Um sol na cabeça
Coisas que a gente se esquece de dizer
Frases que o vento vem as vezes me lembrar
Coisas que ficaram muito tempo por dizer
Na canção do vento não se cansam de voar
Você pega o trem azul, o Sol na cabeça
O Sol pega o trem azul, você na cabeça
Um sol na cabeça
Seguindo no Trem Azul
(Cleberson Horsth /Ronaldo Bastos)
Confessar, sem medo de mentir
Que em você, encontrei inspiração
Para escrever
Você é pessoa que nem eu
Que sente amor
Mas não sabe muito bem
Como vai dizer
Te dou meu coração
Queria dar o mundo
Luar do meu sertão
Seguindo no trem azul
Toda vez que for assoviar
A cor do trem
É da cor que alguém
Fizer e você sonhar
Não faz mal não ser compositor
Se o amor valeu
Eu empresto um verso meu
Pra você dizer
Só me dará prazer
Se viajar contigo
Até nascer o sol
Seguindo no trem azul
Vai lembrar de um cara como eu
Que sente amor
Mas não sabe muito bem
Como vai dizer
Só me dará prazer
Se viajar contigo
Até nascer o sol
Seguindo no trem azul

O Trenzinho do Caipira
(Heitor Villa Lobos/ Ferreira Gullar)
Lá vai o trem com o menino
Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade e noite a girar
Lá vai o trem sem destino
Pro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra
Vai pela serra
Vai pelo mar
Cantando pela serra o luar
Correndo entre as estrelas a voar
No ar, no ar

Um Trem Para as Estrelas
(Cazuza /Gilberto Gil)

São sete horas da manhã
Vejo o Cristo da janela
O sol já apagou a luz
E o povo lá embaixo espera
Nas filas de pontos de ônibus
Procurando aonde ir
São todos seus cicerones
Correm pra não desistir
Dos seus salários de fome
E a esperança que ele têm
Nesse filme como extras
Todos querem se dar bem
Num trem para as estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas
Num trem para as estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas
Estranho o teu Cristo, Rio
Que olha tão longe, além
Com os braços sempre abertos
Mas sem proteger ninguém
Eu vou forrar as paredes
Do meu quarto de miséria
Com manchetes de jornal
Pra ver que não é nada sério
Eu vou dar o meu desprezo
Pra você que me ensinou
Que a tristeza é uma maneira
Da gente se salvar depois
Num trem para as estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas
Num trem para as estrelas
Depois dos navios negreiros
Um abraço para todos:
Beto L. Carvalho
Carpe Diem

terça-feira, maio 03, 2005

Músicas Sobre Trens


Trens Musicais

Eu estava observando e descobri que um dos temas mais freqüentes na MPB é sobre trens...
Encontrei pelo menos umas quinze músicas com esse tema, então resolvi escolher oito e dividi em dois dias para que todos possam conhecer...
Sem mais delongas, vamos para as músicas...
No primeiro dia teremos Raul Seixas, Caetano Veloso, Adoniran Barbosa e Kleiton e Kledir:

Trem das Sete
( Raul Seixas)
Ó, olha o trem, vem surgindo de trás das montanhas azuis, olha o trem
Ó, olha o trem, vem trazendo de longe as cinzas do velho aeon
Ó, já é vem, fumegando, apitando, chamando os que sabem do trem
Ó, é o trem, não precisa passagem nem mesmo bagagem no trem
Quem vai chorar, quem vai sorrir ?
Quem vai ficar, quem vai partir ?
Pois o trem está chegando, tá chegando na estação
É o trem das sete horas, é o último do sertão, do sertão
Ó, olha o céu, já não é o mesmo céu que você conheceu, não é mais
Vê, ói que céu, é um céu carregado e rajado, suspenso no ar
Vê, é o sinal, é o sinal das trombetas, dos anjos e dos guardiões
Ó, lá vem Deus, deslizando no céu entre brumas de mil megatons
Ó, ó o mal, vem de braços e abraços com o bem num romance astral
Trem das Cores
(Caetano Veloso)
A franja da encosta
Cor de laranja
Capim rosa chá
O mel desses olhos luz
Mel de cor ímpar
O ouro ainda não bem verde da serra
A prata do trem
A lua e a estrela
Anel de turquesa
Os átomos todos dançam
Madruga
Reluz neblina
Crianças cor de romã entram no vagão
O oliva da nuvem chumbo ficando
Pra trás da manhã
E a seda azul do papel
Que envolve a maçã
As casas tão verde e rosa
Que vão passando
Ao nos ver passar
Os dois lados da janela
E aquela num tom de azul
Quase inexistente azul que não há
Azul que é pura memória de algum lugar
Teu cabelo preto
Explícito objeto
Castanhos lábios
Ou pra ser exato lábios cor de açaí
E aqui trem das cores
Sábios projetos
Tocar na central
E o céu de um azul celeste
Celestial
Trem Das Onze
(Adoniran Barbosa)
Não posso ficar nem mais um minuto com você
Sinto muito amor, mas não pode ser
Moro em Jaçanã
Se eu perder esse trem
Que sai agora às onze horas
Só amanhã de manhã
Não posso ficar nem mais um minuto com você
Sinto muito amor, mas não pode ser
Moro em Jaçanã
Se eu perder esse trem
Que sai agora às onze horas
Só amanhã de manhã
Além disso mulher, tem outra coisa
Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar
Sou filho único, tenho minha casa prá olhar
Não posso ficar, não posso ficar...
Não posso ficar nem mais um minuto com você
Sinto muito amor, mas não pode ser
Moro em Jaçanã
Se eu perder esse trem
Que sai agora às onze horas
Só amanhã de manhã
Além disso mulher, tem outra coisa
Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar
Sou filho único, tenho minha casa prá olhar
Não posso ficar, não posso ficar
Maria Fumaça
(Kleiton / Kledir)
Essa Maria Fumaça é devagar quase parada
Ô seu foguista, bota fogo na fogueira
Que essa chaleira tem que estar até sexta-feira
Na estação de Pedro Osório, sim senhor
Se esse trem não chega a tempo vou perder meu casamento
Atraca, atraca-lhe carvão nessa lareira
Esse fogão é que acelera essa banheira
O padre é louco o bota outro em meu lugar
Se chego tarde não vou casar
Eu perco a noiva e o jantar
A moça não é nenhuma miss
Mas é prendada e me faz feliz
O pai é um próspero fazendeiro
Não é que eu seja interesseiro
Mas sempre bom e aconselhável
Unir o útil ao agradável
Esse trem não sai do chão
Urinaram no carvão
Entupiram a lotação
E eu nem sou desse vagão
Mas que baita confusão
Tem crioulo e alemão
Empregado com patrão
Ôpa! me passaram a mão
Ora vá lamber sabão !!!
Se por acaso eu não casar
Alguém vai ter que indenizar
Esse expresso vai a trote mais parece um pangaré
Essa carroça é um jaboti com chaminé
Eu tenho pena de quem segue prá Bagé
Seu cobrador, cadê meu troco ? por favor
Dá-lhe apito e manivela, passa sebo nas canelas
Seu maquinista eu vou tirar meu pai da forca
Por que não joga esse museu no ferro velho
E compra logo um trem moderno japonês
No dia alegre do meu noivado
pedi a mão todo emocionado
A mãe da moça me garantiu
"É virgem, só que morou no Rio
O pai falou "é carne de primeira
mas se abre a boca só sai besteira"
Eu disse: "Fico com essa guria
Só quero mesmo é prá tirar cria"
Esse trem não era o teu
Esvaziaram o pneu
Mas cadê esse guri?
Tá na fila do xixi
Tem chiclete com "tatoo"
Foi alguém do Cangussu
Me roubaram meu chapéu
Chama o homem do quartel
Deu enjôo na mulher
Fez "porquinho" no meu pé
Se por acaso eu não casar
Alguém vai ter que indenizar
É o presidente dessa tal
RFFSA
Um abraço:
Beto L. Carvalho
Carpe Diem

segunda-feira, maio 02, 2005

Pernambuco, Simplesmente Tudo de Bom 2


Pernambuco é o Centro das Atenções!!!!
Hoje o blog está diferente...
Colocarei um artigo do jornalista Pedro Paulo Procópio meu professor na faculdade...
Ele é o professor que nos deu o tema que resultou no trabalho postado aqui ontem do grupo lá da sala e que fez Evilásio, o aluno mais calado lá da sala falar nos comentários...
Observem lá nos comentários de ontem...
É um manifesto que nos faz refletir como Pernambuco pode voltar a ser o grande local de turismo do nordeste, já que temos tecnologia, temos cultura, temos belezas naturais...
Não vou falar mais nada, apenas observem e reflitam sobre como podemos vender o nosso estado e voltar a ser o Leão do Norte:
Pernambuco: Simplesmente Tudo de bom! Um manifesto disfarçado de slogan.
Por Pedro Paulo Procópio

O Brasil podia ser conhecido também como a “República Federativa do Manifesto”. Eu seria mais um revolucionário ao dizer algo assim? Chegaremos juntos a uma conclusão, espero. O movimento antropofágico dos modernistas dispostos a devorar tudo o que havia de bom no estrangeiro; não foi um grande manifesto cultural? O movimento regionalista do Recife em 1926, sedento por preservar as raízes pernambucanas e de todo o Nordeste contra o avanço cosmopolita que devorava (na visão do ilustre Manuel Bandeira e seus admiradores) o Rio de janeiro e São Paulo; não pode ser entendido também como sinônimo de manifestação? Revolução Praieira, Movimento Farroupilha...
Caro leitor, por mais desgastado que soe o tratamento, é assim que o considero por ter chegado ao segundo parágrafo, sem ter noção do que virá pelas próximas linhas (eu confesso que também ainda não). Isso prova o seu interesse em descobrir o motivo do título, sendo para mim não um simples leitor, e sim um caro, caro leitor. Será o autor mais um maluco do novo milênio? Imenso prazer caso me considere assim.
Manifesto ou rebeldia? Sei lá. Fizemos uma viagem de tantos anos no primeiro parágrafo – é capaz de estarmos zonzos com o jet lag . Jet lag? Sim, a expressão que os nativos da língua inglesa usam para falar do seu desconforto por longas horas de vôo somadas à mudança de fuso-horário. Será que fui um antropófago ao usar tal expressão? Pouco importa. Renato L e o gigante Crab (antropofagia novamente?), ou melhor, caranguejo, Chico Science, promoveram o manifesto Mangue no finalzinho do último século e fizeram o Maracatu tocar pelo mundo, cantar e encantar. Renato e Chico devem ter sofrido com danado do Jet Lag, que parece fazer parte do cotididiano dos revolucionários.
É muito manifesto – impossível então – não manifestar. Manifestar idéias, manifestar pessoas, manifestar sonhos... O que é um sonho? Para uma criança, um doce gostoso; para um cético, algo impossível; para um empreendedor, um conjunto de metas a serem alcançadas a médio, longo prazo; para um jornalista e professor de Comunicação sonhador, uma questão de trabalho, perseverança, esforço e – talvez muito transtorno – mas com um único resultado a ser obtido: sucesso.
Pernambuco: simplesmente tudo. De bom, não esqueça. Ora, mas por quê? Você já olhou a sua volta hoje? O belo azul repleto de arrecifes da Praia de Boa Viagem. “Ah, mas tem tubarão” – ótimo – a tecnologia existe para deixá-los longe dos banhistas – as redes para capturá-los e vendermos sua barbatana para o mercado externo, gerando divisas para o Estado. Por falar em tecnologia, será que é o Pernambuco do Porto Digital, com empresas multinacionais de grande porte instaladas que a gente vê em rede nacional de televisão?
Pernambuco – segundo pólo médico do país – referência na América Latina em diversos tipos de transplantes, com laboratórios que desenvolvem drogas eficazes contra diversos tipos de câncer. Ah, e o que o falar dos estudos em estágio avançado para o desenvolvimento de uma vacina contra o HIV? Pernambuco produz.
Maracatu, Mangue Beat, Coco, Baião. Nosso país realmente conhece tais batidas? Esta terra de samba e pandeiro já parou algum momento para dar uma olhadinha no mapa? Recife, nossa capital, poderia parafrasear uma famosa empresa de telecomunicações, que se diz orgulhosa de ligar o Brasil ao mundo.
Estamos a sete horas de vôo, em média, para conversarmos com Manuel em Lisboa; sete horas em outra direção e o chat será em inglês na Flórida (será que ainda falam essa língua por lá?). Uma hora de vôo e estamos nas principais capitais nordestinas, três horas e lá está a terra da garoa, duas horas e meia para o Cristo nos receber. Quarto lugar no ranking nordestino de atração turística. Bahia – Ceará – Rio Grande do Norte nas três primeiras colocações respectivamente. Belos, maravilhosos. Justo? Pernambuco: Simplesmente tudo de bom!
Pelas poucas horas que o turista passará voando, não dá nem para sofrer com o Jet lag. E não é para sofrer mesmo, porque o mais importante para esta terra de altos coqueiros é trazer Manuel até aqui. John, Come here também! O lugar é tão bonito que até esquecerão que um dia tal efeito existiu.
Além de Manuel e John, muitos outros que tenham a chance de assistir a uma peça publicitária de trinta ou sessenta segundos, que abram uma revista em qualquer ponto do Brasil ou do mundo e saibam que Fernando de Noronha é NOSSO, Porto de Galinhas é NOSSA – tecnologia – gente qualificada – medicina de ponta – vasta cultura popular, além de uma localização estratégica para investir nos pertence, buscarão um só destino no Nordeste Brasileiro. Você arriscaria dizer qual é esse destino?
Para isso acontecer de fato, é necessário o compromisso de vender essa imagem, de estar consciente que há muita coisa feia circulando pela mídia sobre Pernambuco e – principalmente – ao nosso redor - quando uma multidão de miseráveis se atira na frente dos carros para pedir uma moeda. Eles não têm culpa. Os que poderiam reverter esse quadro... Melhor que buscar culpados: sugerir; agir. Essa garotada poderia ser capacitada, então teríamos jovens guias a batalhar por alguns Euros e Dólares para alimentar suas famílias – melhorar sua qualidade de vida – ou melhor – passar a ter uma.
Falar que Pernambuco é simplesmente tudo de bom e olhar pelo prisma social parece demagógico; repetir isso milhares de vezes para o Brasil e para o globo é o início real de uma transformação, manifesto, caso prefira. Essa repetição beneficiará empresários, governo, classe média, além dos que vivem abaixo da “midiática” linha da pobreza. É chegada à hora, com manifesto ou não, escolha o termo, de sermos antropófagos e digerirmos tudo de bom que outros Estados brasileiros criam em termos de visibilidade na mídia, e num processo ainda melhor, acreditarmos, vendermos, termos um propósito. Pernambuco: simplesmente tudo de bom!
Um abraço para todos:
Beto L. Carvalho
Carpe Diem

domingo, maio 01, 2005

Pernambuco, Simplesmente Tudo de Bom


Arte: Daniela Borel

Eu hoje peço licença para homenagear uns amigos de sala de aula que fizeram um trabalho de uma qualidade impressionante...
O tema proposto pelo professor Pedro Procópio era o de tentar vender o estado de Pernambuco com o tinhamos aqui na parte turistica, nas tecnologias, no parte médica, entre outros e tinha como slogan sugerido o tituo deste post...
O tema desse grupo, salvo engano, foi valorização do turismo e me impressionou a qualidade de informações obtidas pelo grupo, até em meti um pouco na apresentação, pois acabei me empolgando com a forma como foi conduzida a apresentação...
Mariana, Pedro, Monick, Daniela e Marcela se superaram e estou dando os meus parabéns em nome do Blog da Cultura Brasileira...
O peça publicitária Cordel, foi realizada pela dupla de criação do grupo, duas meninas talentosas, a Daniela Borel que fez a arte e Marcela Vieira que fez o texto e que tiveram uma sensibilidade em fazer a peça que vocês estão tendo a oportunidade de ver acima e não podemos esquecer os outros integrantes Pedro, Monick e Mariana...
Ao invés de música irei colocar o texto da campanha que é uma exaltação a Pernambuco e todos poderão apreciar essa beleza:

Pernambucanize-se. Adote Pernambuco você também.
Marcela Vieira
Pernambuco imortal
De beleza sem igual
Do interior ao litoral
Nasceu desconhecido
Por índios habitado
Vieram depois o holandês e o português
E ficaram abismados
A beleza sem igual
Do interior ao litoral
Logo tornou-se província
No período imperial
Então passou-se o tempo
E trouxe consigo o crescimento
Mas ora, meu rapaz estrangeiro, tome tento
Esta terra consegue por si só o seu sustento
Mantendo-se sempre na história
E o seu povo, dentro do coração e da memória
E o doutor que vem de fora
Não se apoquente nem se avexe
Pernambuco tem de tudo um pouco
Desde boate até quermesse
Tem praia, tem indústria e tem feira
Tem Caruaru, Petrolina e Olinda e suas ladeiras
A Rua do Bom Jesus, o Mosteiro de São Bento
Porto de Galinhas, Noronha e as cirandas de Itamaracá
As praias daqui são mais belas do que as de lá
Tem mangue beat, frevo e maracatu
Pra Joana, Maria e José; pra mim e pra tu
Semana santa, São João, CINE-PE e carnaval
Circuito do frio, Abril pro Rock, Vaquejada e Natal
È terra de Chico Science, mestre Vitalino e Gonzagão
Alceu Valença e Manuel Bandeira;
Terra que Ariano guardou no coração
E hoje é um pólo cultural
De beleza sem igual, do interior ao litoral
Povo orgulhoso bradando sempre:
Pernambuco Imortal, imortal!
Menino, aqui é festa o ano inteiro
Essa terra é abençoada, sim senhor
Adote Pernambuco de janeiro a janeiro
Oxe, então Pernambucanize-se também, meu doutor!
Pernambucanize-se. Adote Pernambuco você também
Abraço para todos:
Beto L. Carvalho
Carpe Diem