segunda-feira, dezembro 01, 2008

Analisando Shows

Fotos: Beto Carvalho

Hoje começo a fazer uma retrospectiva de alguns shows que tive a honra de ir nesses últimos meses e iniciarei por um dos últimos que foi o de Antônio Nóbrega que foi uma das coisas mais interessantes que pude presenciar nos últimos tempos, com a Orquestra Retratos do Nordeste, ele deu uma oxigenada no show Nove de Frevereiro, encerrando a temporada dessa turnê que culminou com o lançamento do DVD homônimo...
A orquestra comandada pelo maestro Marcos César, um dos maiores músicos brasileiros, abriu o show com três músicas que deu para imaginar de como seria a apresentação, logo depois Nóbrega entra e mostra sua virtuosidade tocando frevo no violino e emocionando todos que estão no teatro...
Lá pelo meio do show Spock entra pela platéia tocando seu sax e dá um show particular enquanto Nóbrega se prepara para a outra parte do show e quando ele volta faz um dueto de sax e violino show de bola...


Já perto do final do show ele convida Heldér Vasconcelos ex Mestre Ambrósio e juntos deram uma aula de como dançar a verdadeira cultura pernambucana...

Encerrando a noite como já é de praxe, ao lado de Marcos César com sua orquestra e Spock, foi feito o grande arrastão de carnaval, onde os corredores do Teatro da UFPE viraram por alguns instantes as ladeiras de Olinda em plena folia de momo...

Um fato que merece atenção também foi uma curiosidade pessoal que ocorreu no show, pois uma amiga que já fazia um tempo que não via, Ana Paula Sá, me encontrou e contou que fez uma monografia sobre cultura pernambucana com o tema Antônio Nóbrega e me deixou muito orgulhoso, já que o primeiro show dele que ela foi em virtude de um convite meu e isso me estimulou a voltar a escrever aqui no blog...

Um abraço para todos:

Beto L. Carvalho

Carpe Diem

quarta-feira, setembro 03, 2008

Eu Vendo a Luz do Céu, Quem Quer Comprar?


Hoje fui assistir a uma peça de teatro que há muito queria poder presenciar, o espetáculo Mercadorias e Futuro com o personagem Lirovski o alter ego do artista José Paes de Lira, mais conhecido como Lirinha do Cordel do Fogo Encantado, grupo que é reconhecido por suas apresentações teatrais que remetem as raizes em Arcoverde, no sertão pernambucano...
Juntando essa experiência com a de sua esposa, a atriz Leandra Leal que divide a direção com ele e também assina a produção, Lirinha nos mostra a saga de um vendedor, na linha dos caxeiros viajantes, que faz de tudo para vender o seu produto, um livro onde ele transcreve as profecias de João Pedra Maior, Tereza Purpurina e Benedito Heráclito...
Com seu estilo peculiar de recitar poesias, cantar, Lirinha arrebenta e mostra a força cênica dele sempre interagindo de uma forma indireta com o público, mas sempre com muita propriedade...
Para quem conhece o trabalho do Cordel, não estranha a performance de seu vocalista numa viagem pelos meandros do teatro...
Bom, gente encerro por aqui, pois o sono chegou com tudo, mas quem tiver oportunidade de assistir esse espetáculo, não irão se arrepender, enquanto isso vocês podem conhecer um pouco mais dele no site oficial da peça, é só clicar aqui...
Um Abraço para Todos:

Beto L. Carvalho
Carpe Diem

domingo, agosto 31, 2008

Veio Salu Com Seu Bumba meu Boi


É com esse verso do Maracatu Nação Pernambuco que homenageio aquele que lutou pela preservação da cultura do Cavalo Marinho e do Maracatu Rural com seu Piaba de Ouro lá na Cidade Tabajara...
Mestre Salustiano nos deixou hoje às 7:00 de complicações cardiológicas no hospital onde ele estava internado já a alguns dias...
Pelo menos uma prole de quinze filhos ele criou para dar continuidade ao seu trabalho de resgate de uma cultura popular feita por pessoas do povo para o povo...
Salve a Casa da Rabeca, o Iluminara Zumbi, o Piaba de Ouro não deixem morrer esse sonho de Seu Salu que só conseguiu ser reconhecido aos 54 anos de idade, ou seja, à apenas 8 anos atrás quando lançou seu primeiro disco o Sonho da Rabeca...
Um abraço para todos:
Beto L. Carvalho
Carpe Diem

domingo, agosto 17, 2008

Ai, Ai que Saudade que Tenho de Dorival

Bom, hoje eu não irei falar nada, só vou homenagear o grande compositor baiano que infelizmente nos deixou hoje...
Seu Dorival que cantou tão bem o mar foi vencido pela idade, mas deixou uma prole que muito bem representa o talento musical...
Já que não vou falar muito, vamos colocar alguns clássicos da música popular brasileira:

É Doce Morrer No Mar
(Dorival Caymmi)
É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar
Saveiro partiu
de noite foi
Madrugada não voltou
O marinheiro bonito
sereia do mar levou
É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar
Nas ondas verdes do mar meu bem
Ele se foi afogar
Fez sua cama de novo no colo de Iemanjá
É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar meu bem
É doce morrer no mar

Dora
(Dorival Caymmi)
Dora
Rainha do frevo
E do Maracatu
Dora
Rainha cafuza de um maracatu
Te conheci no Recife
Dos rios cortados de pontes
Dos bairros das fontes, Coloniais,
- Dora - Chamei
- Ô Dora! Ô Dora...
Eu vim a cidade
Pra ver meu bem passar
Ô Dora...
Agora... no meu pensamento
Eu te vejo, requebrando pra cá,
Ora pra lá, meu bem,
Os clarins da banda militar
Tocam para anunciar,
A tua Dora agora vai passar,
Venham ver o que é bom!...
Ô Dora, rainha do frevo e do Maracatu,
Ninguém requebra nem dança melhor do que tu!

O Samba Da Minha Terra
(Dorival Caymmi)
O samba da minha terra deixa a gente mole
Quando se canta
Todo mundo bole
Quando se canta
Todo mundo bole
Quem não gosta de samba
Bom sujeito não é
É ruim da cabeça
Ou doente do pé
Eu nasci com o samba
No samba me criei
Do danado do samba
Nunca me separei
Marina
(Dorival Caymmi)
Marina morena Marina você se pintou
Marina faça tudo
Mas faça o favor
Não pinte este rosto que eu gosto
Que eu gosto e que é só meu
Marina você já é bonita
Com o que Deus lhe deu
Já me aborreci, me zanguei
Já não posso falar
E quando eu me zango, Marina
Não sei perdoar
Eu já desculpei tanta coisa
Você não arrajava outro igual
Desculpe Marina, morena
Mas eu tô de mal, de mal com você
De mal com você
Um abraço para todos:
Beto L. Carvalho
Carpe Diem

sábado, agosto 09, 2008

Uma Grande Celebração


Um mês atrás instalei em minha casa, a SKY TV por assinatura, pensando nas olimpíadas como vocês podem conferir no meu blog sobre esportes e fui brindado no primeiro final de semana com um show que estava sendo exibido em primeira mão no SKY Live...
Paralamas e Titãs ao vivo, um show gravado no Rio de Janeiro e que foi lançado em CD e DVD, então parei na frente da televisão para admirar duas bandas que estão na fase de bodas de prata e juntas no palco mostram que como vinho, quanto mais velhos ficam melhores...
Os oito integrantes das duas bandas incendiaram o público como já tinham feito no Hollywood Rock em 92 e na turnê de uma empresa de absorventes em 99 e provaram que o rock que eles fazem é de uma qualidade impressionante, mostrando que os grandes sucessos da década de 80, como falei no post anterior, não se perderam, passaram de geração e hoje embala os filhos daqueles que lotavam os shows no inicio da carreira...
Com um repertório onde mesclavam sucessos de um e outro, as bandas receberam alguns convidados especiais como Arnaldo Antunes, um eterno Titã, Andreas Kisser do Sepultura que com sua guitarra fez com que o rock ficasse mais visceral e potente, Samuel Rosa que com sua Skank é claramente influenciado pelo Paralamas e pesquisando um pouco na internet para tirar algumas dúvidas pude ver que também teve Marcelo Camelo e Fito Paez na turnê...
Um sentimento de inveja ia me tomando a cada música tocada, pois como queria que eles tivessem vindo para Recife na turnê, pois ficar vendo pela televisão o delirio do público é muito chato...
Bom, para encerrar algumas músicas que estiveram no repertório do show:

Selvagem
(Bi Ribeiro /João Barone/Herbert Vianna)
A polícia apresenta suas armas
Escudos transparentes, cacetetes
Capacetes reluzentes
E a determinação de manter tudo
Em seu lugar
O governo apresenta suas armas
Discurso reticente, novidade inconsistente
E a liberdade cai por terra
Aos pés de um filme de Godard
A cidade apresenta suas armas
Meninos nos sinais, mendigos pelos cantos
E o espanto está nos olhos de quem vê
O grande monstro a se criar
Os negros apresentam suas armas
As costas marcadas, as mãos calejadas
E a esperteza que só tem quem tá
Cansado de apanhar
A polícia apresenta suas armas
Escudos transparentes, cacetetes
capacetes reluzentes
E a determinação de manter tudo em seu lugar
O governo apresenta suas armas
Discurso reticente, novidade inconsistente
E a liberdade cai por terra
Aos pés de um filme de Godard
A cidade apresenta suas armas
Meninos nos sinais, mendigos pelos cantos
E o espanto está nos olhos de quem vê
O grande monstro a se criar
Os negros apresentam suas armas
As costas marcadas, as mãos calejadas
E a esperteza que só tem quem tá cansado de apanhar

Polícia
(Tony Belloto)
Dizem que ela existe pra ajudar
Dizem que ela existe pra proteger
Eu sei que ela pode te parar
Eu sei que ela pode te prender
Polícia! Para quem precisa?
Polícia! Para quem precisa de polícia?
Dizem pra você obedecer
Dizem pra você responder
Dizem pra você cooperar
Dizem pra você respeitar
Polícia! Para quem precisa?
Polícia! Para quem precisa de polícia?

Ska
(Herbert Vianna)
A vida não é filme, você não entendeu
Ninguém foi ao seu quarto quando escureceu
Sabendo o que passava no seu coração
Se o que você fazia era certo ou não
E a mocinha se perdeu olhando o Sol se por
Que final romântico, morrer de amor
Relembrando na janela tudo que viveu
Fingindo não ver os erros que cometeu
E assim
Tanto faz
Se o herói não aparecer
E daí
Nada mais
A vida não é filme, você não entendeu
De todos os seus sonhos não restou nenhum
Ninguém foi ao seu quarto quando escureceu
E só você não viu, não era filme algum
E a mocinha se perdeu olhando o Sol se por
Que final romântico, morrer de amor
Relembrando na janela tudo que viveu
Fingindo não ver os erros que cometeu
E assim
Tanto faz
Se o herói não aparecer
E daí
Nada mais
E assim
Tanto faz
Se o herói não aparecer
E daí
Nada mais.

Sonifera Ilha
(B. Melo/M. Fromer/Toni Bellotto/C. Pessoa /C. Bermak)
Não posso mais viver assim do seu ladinho
Por isso colo meu ouvido no radinho de pilha
Pra te sintonizar sozinha, numa ilha
Sonífera ilha
Descansa meus olhos
Sossega minha boca
Me enche de luz
Sonífera ilha
Descansa meus olhos
Sossega minha boca
Me enche de luz
Não posso mais viver assim do seu ladinho
Por isso colo meu ouvido no radinho de pilha
Pra te sintonizar sozinha, numa ilha
Sonífera ilha
Descansa meus olhos
Sossega minha boca
Me enche de luz
Um abraço para todos:
Beto L. Carvalho
Carpe Diem

sexta-feira, agosto 08, 2008

Estação Retrô


Estava imaginando como seria participar de uma festa com a temática Anos 80, pois foi uma década onde comecei a descobrir as músicas, era a infância e o inicio da adolescência e isso me deixava cada vez mais ansioso para ir ao "Estação Retrô" que ocorreu aqui em Recife no final de julho...
Cheguei ao show, já estava na abertura com uma banda local chamada Dick e os Vigaristas formada por quem viveu intensamente essa época e que mostrou muita competência, seguraram bem o inicio da festa e ainda mais quando tiveram a participação do primeiro convidado da noite, Sylvinho que era do grupo Absyntho e que ficou mais conhecido pelo apelido do seu grande sucesso, Blau Blau e lógico que ele não poderia deixar de cantar essa, mas também cantou sucessos de outros artistas da mesma época como Rádio Táxi...
Depois foi a vez de Léo Jaime entrar com sua banda, cantar alguns sucessos e passar o bastão para Kid Vinil que também desfilou seus sucessos e de outros com Plebe Rude levantando a galera e fazendo muitas lembranças aflorarem...
Ainda com a banda de Léo Jaime no palco foi a vez de Ritchie que fez um show só com seus sucessos, mas também não precisava de mais nada, pois o público já estava em catarse, principalmente quando no telão passava os grandes ícones da década numa exposição digital que fazia com que todos delirassem com cada imagem que aparecia e depois Léo Jaime voltou para cantar mais sucessos e prepara o público para o grand finale...
Por último o grande show da noite, foi onde realizei um sonho que não imaginava um dia realizar, assistir um show da Blitz, tudo bem que não é a formação original, faltava Fernanda Abreu, Marcia, as cantoras originais, mas as atuais não decepcionaram e seguraram a onda e com isso o show foi muito interessante com seus grandes sucessos e como foi uma prática quase que corriqueira cantaram também sucessos de outros como Paralamas e Titãs...
Bom, já passava das três da matina quando acabou a festa e voltei para casa com a sensação que o tempo não passou. principalmente por encontrar com vários amigos que viveram essa época comigo e que já fazia um tempo que não me encontrava, foi muito legal...
E para encerrar uma chuva de sucessos que fizeram parte do repertório do show, uma de cada artista e uma das que foram homenageadas:
Ursinho Blau Blau
(Paulo Massadas /Sérgio Diamante)
Ai ai ai, ui Blau Blau
Blau Blau, Blau Blau
Ela não me quer
Ai Blau Blau, Blau Blau
Ai, meu ursinho Blau Blau de brinquedo
Vou contar pra você um segredo
Só você mesmo pra me aturar
Ai, esse meu coração tão vadio
Se amarrou nesse corpo macio
Ela quer é me fazer pirar
Ai de mim, ai
Ai blau blau
Blau Blau, Blau Blau
Ela não me quer
Ai Blau Blau
Blau blau
Ai que bom seria se ela se ligasse em mim
Esquecer o medo e confessar que está afim
Ai, ela quase me leva à loucura
Ela tem um sabor de aventura
Todos dizem que ela é demais

Tic Tic Nervoso
(Kid Vinil)
Estou preso no trânsito
Com pouca gasolina
O calor tá de rachar
E lá fora é só buzina
Perdi o meu emprego
Que já era mixaria
e "onti" fui assaltado
Em plena luz do dia
Isso me dá... Tic tic nervoso
Tic tic nervoso Tic tic nervoso
Isso me dá... Tic tic nervoso
Tic tic nervoso Tic tic nervoso
E quando eu chego em casa
É aquela baixaria
As contas estão vencidas
E a geladeira está vazia
Encontro uma garota
Um tremendo avião
Pergunto o seu nome
Ela me diz que é João
Isso me dá... Tic tic nervoso
Tic tic nervoso Tic tic nervoso
Isso me dá... Tic tic nervoso
Tic tic nervoso Tic tic nervoso
Eu sempre me achei um rapaz normal
Que esse papo de analista fosse coisa pra bossal
Agora me chamam de esquisito, de sujeito atrapalhado
Só por causa desse meio jeito todo torcido assim pro
lado
É que eu fiquei com... Tic tic nervoso
Tic tic nervoso Tic tic nervoso
É que eu fiquei com... Tic tic nervoso
Tic tic nervoso Tic tic nervoso
Estou preso no transito
Com pouca gasolina
O calor tá de rachar
E lá fora é só buzina
Antigamente todos tinham
Esperança de vencer
E acontece que hoje em dia
Não da mais pra se viver
Viver sem ter... Tic tic nervoso
Tic tic nervoso Tic tic nervoso
Viver sem ter... Tic tic nervoso
Tic tic nervoso Tic tic nervoso
Viver sem ter... Tic tic nervoso
Tic tic nervoso Tic tic nervoso
Isso me dá... Tic tic nervoso
Tic tic nervoso Tic tic nervoso

Casanova
(Ritchie)
Boa noite Rainha,como vai?
Sou o seu coringa,o seu ás
Luvas de couro
Meias de seda brilham ao luar
Eu vivo mesmo de smoking
Vamos dançar!
Boa noite,como vai?
Como vai?
No meio da noite você chama
Eu venho como fogo incendiar sua cama
Não se afogue em meus beijos
Não se afobe
Eu venho devagar
E amanhã, eu prometo,eu vou voltar
Boa noite, meu amor!
A vida é arte do saber
Quem quiser saber tem que viver
Trago um mundo novo prá você
E daí,tudo bem?E você?
Como vai? Eh,como vai?
Os aventureiros entram em cena
Voando bem alto ao som do planeta
Cavalos alados e seus cavaleiros brincam ao luar
Tomando de assalto o dia que vai chegar
Boa noite,até já!
Ah,até já!...

A Fórmula Do Amor
(Leo Jaime / Leoni)
Eu tenho o gesto exato
Sei como devo andar
Aprendi nos filmes pra um dia usar
Um certo ar cruel
De quem sabe o que quer
Tenho tudo planejado pra te impressionar
Luz de fim de tarde
Meu rosto em contra-luz
Não posso compreender
Não faz nenhum efeito
A minha aparição
Será que errei na mão
As coisas são mais fáceis na televisão
Mantenho o passo, alguém me vê
Nada acontece não sei porque
Se eu não perdi nenhum detalhe
Onde foi que eu errei
Ainda encontro a fórmula do amor
Eu tenho a pose exata
Pra me fotografar
Aprendi nos livros
Pra um dia usar
Um certo ar cruel
De quem sabe o que quer
Tenho tudo ensaiado pra te conquistar
Eu tenho um bom papo
E sei até dançar
Não posso compreender
Não faz nenhum efeito
A minha aparição
Será que errei na mão
As coisas são mais fáceis na televisão
Eu jogo um charme alguém me vê
Nada acontece não sei porque
Se eu não perdi nenhum detalhe
Onde foi que eu errei
Ainda encontro a fórmula do amor

A Dois Passos do Paraíso
(Evandro Mesquita / Ricardo Barreto)
Longe de casa
Há mais de uma semana
Milhas e milhas distante
Do meu amor
Será que ela está me esperando
Eu fico aqui sonhando
Voando alto
Vou perto do céu
Eu saio de noite
Andando sozinho
Eu vou entrando em qualquer bar
Eu faço meu caminho
O rádio toca uma canção
Que me faz lembrar você
Eu, eu fico louco de emoção
E já não sei o que vou fazer
Estou a dois passos do paraíso
Não sei se vou voltar
Estou a dois passos do paraíso
Talvez eu fique, eu fique por lá
Estou a dois passos do paraíso
Não sei por que eu fui dizer bye bye
Bye bye baby bye bye (bis)
A Rádio Atividade leva até vocês
Mais um programa da séria série
"Dedique uma canção a quem você ama".
Eu tenho aqui em minhas mãos uma carta,
Uma carta de uma ouvinte que nos escreve
E assina com o singelo pseudônimo de
"Mariposa apaixonada de Guadalupe"
Ela nos conta que no dia que seria
O dia do dia mais feliz de sua vida
Arlindo Orlando, seu noivo
Um caminhoneiro conhecido da pequena
E pacata cidade de Miracema do Norte,
Fugiu, desapareceu, escafedeu-se.
Oh! Arlindo Orlando
Volte onde quer que você se encontre
Volte para o seio de sua amada.
Ela espera ver aquele caminhão voltando
De faróis baixos, e pára-choque duro.
Agora uma canção
Canta pra mim,
Eu não quero ver você triste assim.
Bye bye baby bye bye
Estou a dois passos do paraíso
E meu amor vou te buscar
Estou a dois passos do paraíso
E nunca mais vou te deixar
Estou a dois passos do paraíso
Não sei por que eu fui dizer bye bye

Até Quando Esperar
(André X/Gutje/Philippe Seabra)
Não é nossa culpa nascemos já com a benção
Mas isso não é desculpa pela má distribuição
Com tanta riqueza por aí, onde é que está
Cadê sua fração?
Até quando esperar?
E cadê a esmola que nós damos
Sem perceber?
e que aquele abençoado
Poderia ter sido você
Com tanta riqueza por aí...
Até quando esperar a plebe ajoelhar
Esperando a ajuda de Deus
Posso vigiar seu carro te pedir trocados
Engraxar seus sapatos
Não é nossa culpa nascemos já com a benção
mas isso não desculpa pela má distribuição
Com tanta riqueza por aí
cadê sua fração
Até quando esperar a plebe ajoelhar
esperando a ajuda de Deus
Até quando esperar a plebe ajoelhar esperando a ajuda de (um único) deus
Um abraço para todos:
Beto L. Carvalho
Carpe Diem

quinta-feira, julho 03, 2008

Filhos da MPB


Bom gente, hoje eu venho aqui para falar sobre um programa que está sendo apresentado na melhor rádio para quem gosta de boa música em aqui em Pernambuco...
O programa Filhos da MPB que é apresentado por duas meninas, Simone Ventura e Raphaella Feitosa, que querem divulgar o que há de melhor na música brasileira atual...
A proposta do programa é mostrar artistas que estão surgindo na MPB, renovando esse estilo que sempre vai estar presente nos nossos ouvidos...
O serviço é esse:

Filhos da MPB
Sábados às 13:00 na Rádio Folha FM em Recife 96,7
Quem não é de Recife, clica aqui e acessa o site da Rádio
Maiores informações é só acessar a comunidade do orkut...

Sem mais vou colocar quatro músicas de cantoras que com certeza estão na repertório do programa, Mariana Baltar, Mariana Aydar, Marina de La Riva e Maria Rita...


Mariana Baltar
Dona Biu
(Adryana BB)
Pra ser filho respeitador
E de seu amor merecedor
Tem que achar bonito o que viu
Lá na casa de Dona Biu
Ela tem uma bota de louça
E um lençol que bordou quando moça
Tem que achar bonito o que viu
Lá na casa de Dona Biu
Ela bota a barraca
Ela tira a barraca
Ele vende confeito
Vende picolé
Pergunte a Zefinha ela sabe quem é
A Dona Biu é a mulher de Seu Zé
Mariana Aydar
Zé Do Caroço
(Leci Brandão)
No serviço de auto-falante
Do morro do Pau da Bandeira
Quem avisa é o Zé do Caroço
Que amanhã vai fazer alvoroço
Alertando a favela inteira
Como eu queria que fosse em mangueira
Que existisse outro Zé do Caroço
Pra dizer de uma vez pra esse moço
Carnaval não é esse colosso
Nossa escola é raiz, é madeira
Mas é o Morro do Pau da Bandeira
De uma Vila Isabel verdadeira
O Zé do Caroço trabalha
O Zé do Caroço batalha
E que malha o preço da feira
E na hora que a televisão brasileira
Distrái toda gente com a sua novela
É que o Zé põe a boca no mundo
Ele faz um discurso profundo
Ele quer ver o bem da favela
Está nascendo um novo líder
No morro do Pau da Bandeira
Maria Rita
Corpitcho
(Ronaldo Barcellos / Picolé)
Juro que tentei mudar
Para algum lugar longe daqui
Pra Quixeramobim, Paraty, Paquetá
Niquiti, Guarujá, Magé, Jericoacoara
Mas eu resolvi voltar
Não adiantou nada fugir
O mundo é que mudou
O mal globalizou
O bicho tá pegando
E é a guerra das desigualdades
A humanidade lavando a roupa
Oportunidade não cruza o Rebouças
É muito louca a vida por aqui
Fim de semana eu viro batuqueira
Pego o meu pandeiro
Vou pra Madureira
Pro meu glorioso Império Serrano
Que vai ganhar e subir esse ano
Pra manter esse corpitcho bacana
Acho até que vou virar marombeira
Corro o calçadão de Copacabana
De segunda a sexta-feira
Marina de La Riva
Ta-hi! (pra Você Gostar De Mim)
Joubert de Carvalho
Ta-Hi!
Eu fiz tudo prá você gostar de mim
Oh, meu bem não faz assim comigo, não
Você tem, você tem que me dar seu coração
Ta-Hi!
Eu fiz tudo prá você gostar de mim
Oh, meu bem não faz assim comigo, não
Você tem, você tem que me dar seu coração
Meu amor, não posso esquecer
Se da alegria faz também sofrer
A minha vida foi sempre assim
Só chorando as mágoas que não tem fim
A minha vida foi sempre assim
Só chorando as mágoas que não tem fim
Ta-Hi!
Eu fiz tudo prá você gostar de mim
Oh, meu bem não faz assim comigo, não
Você tem, você tem que me dar seu coração
Ta-Hi!
Eu fiz tudo prá você gostar de mim
Oh, meu bem não faz assim comigo, não
Você tem, você tem que me dar seu coração
Essa história de gostar alguém
Já é mania que as pessoas têm
Se me ajudasse, nosso Senhor
Eu não pensaria mais no amor
Se me ajudasse, nosso Senhor
Eu não pensaria mais no amor
Você tem
Você tem que me dar seu coração


Um abraço para todos:

Beto L. Carvalho
Carpe Diem

segunda-feira, junho 23, 2008

Umas Reflexões

Bom pessoal, hoje é véspera de São João, uma das festas mais populares do nordeste brasileiro e eu resolvi colocar três textos do critico musical do Jornal do Commercio de Pernambuco, onde ele fala sobre esse "Forró Eletrônico", que ele chama aqui de "Fulerage Music"...
Eu como defensor da cultura nordestina, concordo em partes com o que ele fala, mas fica meu desabafo, pois os maiores pólos de animação dos festejos juninos, se rendeu a esse tipo de música, ao contrário de Olinda que até hoje resiste com sua cultura e nem por isso o povo deixa de ir...
Abaixo seguem os textos, o post vai ficar um pouco longo, mais vale a pena lerem até o final e depois deixem seus comentários...
A Música dos Valores Perdidos
Publicado em 06.05.2008
JOSÉ TELES é crítico musical do Jornal do Commercio
Tem rapariga aí? Se tem levante a mão!". A maioria, as moças, levanta a mão.
Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, de todas bandas do gênero). As outras são "gaia", "cabaré", e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.
O secretário de cultura Ariano Suassuna foi bastante criticado, numa aula-espetáculo, no ano passado, por ter malhando uma música da banda Calipso, que ele achava (deve continuar achando, claro) de mau gosto. Vai daí que mostraram a ele algumas letras das bandas de "forró", e Ariano exclamou: "Eita que é pior do que eu pensava". Do que ele, e muito mais gente jamais imaginou.
Pruma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.
Porém o culpado desta "desculhambação" não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de "forró", parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético,. Pior, o glamur, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.
A cantora Ceca foi uma espécie de Ivete Sangalo do turbo folk (ainda está na estada, porém com menor sucesso). Foram comprados 100 mil vídeos do seu casamento com Arkan, mafioso e líder de grupo para-militares na Croácia e Bósnia. Arkan foi assassinado em 2000. Ceca presa em 2003. Ela não foi a única envolvida com a polícia, depois da queda de Milosevic, muitos dos ídolos do turbo folk envolveram-se com a justa pelo envolvimento com a poderosa máfia de Belgrado.
A temática da turbo folk era sexo, nacionalismo e drogas. Lukas, o maior ídolo masculino do turbo folk pregava em sua música o uso da cocaína. Um dos seus maiores hits chama-se White (a cor do pó, se é que alguém ignora), e ele, segundo o Guardian, costumava afirmar: "Se cocaína é uma droga, pode me chamar de viciado". Esteticamente, além da pouca roupa, a sanfona é o instrumento que se destaca tanto no turbo folk quanto no chamado forró eletrônico, instrumento decorativo, ali muito mais para lembrar das raízes da música tradicional. Ressaltando-se que não se tem notícia de ligação entre bandas de "forró" e crime organizado. No que elas são iguaizinhas é que proliferaram em meio a débâcle de valores estéticos, morais, e éticos, e despolitização da juventude. Com a volta da governabilidade nas repúblicas da antiga Iugoslávia, o turbo folk perdeu a força, vende ainda porém muito menos do que no passado, hoje é apenas uma música popular para se dançar, e não a trilha sonora de um regime condenado por, entre outras lástimas, genocídio.
Aqui o que se autodenomina "forró estilizado" continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem "rapariga na platéia", alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção ?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é "É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!", alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.
Para Encerrar o Papo Sobre a Fuleiragem Music
Publicado em 20.05.2008
JOSÉ TELES é crítico musical do Jornal do Commercio
Algumas considerações sobre o artigo A música dos valores perdidos, publicado semana passada nestes Toques digitais, e que rendeu uma porção de comentários aqui no JC online, e um bocado de correio eletrônico pro que vos tecla. Antes de mais nada, não estou fazendo campanha contra o chamado forró eletrônico, ou estilizado. Uso a tribuna virtual para expressar minha incredulidade de cidadão com o nível das apresentações da maioria destes grupos. Alguns deles exibem hoje, abertamente, para todo tipo de faixa etária, espetáculos que até outro dia se viam em locais fechados, que não permitiam a presença de menor de idade.
Ao contrário do que me escreveu um leitor, não considero que esta música exista porque o povo gosta. O povo foi ensinado a gostar desta música. Como gostava nos anos 60 e 70 de Chico Buarque (que vendeu 600 mil cópias do seu LP de 1978), ou dos Beatles. O popularesco entrou em moda na era Collor, que, bem-nascido, não gostava obviamente de Leandro & Leonardo, mas dava a entender que sim, pra agradar ao eleitorado, puro populismo. Com a massificação da monocultura sonora no rádio brasileiro, a população, mal informada, passou a gostar de qualquer gênero que entrasse na moda. Foi assim com os sertanejos, depois com a axé music, depois com o pagode, e agora com as bandas.
Quando atribui à axé music a existência da fuleiragem music, não quis dizer que a axé era ruim ou boa. Aliás, no início até que havia originalidade no axé, de onde saiu uma das mais interessantes ritmos híbridos da MPB, o samba-reggae, ou o batuque afro do Olodum. Aquele disco O canto da cidade, de Daniela Mercury é muito bom. O que a axé inspirou em todos os subgêneros popularescos (o brega, o pagode, e até o sertanejo) foi a estética de palco, o gestual do bate palminha, tira o pezinho do chão, mexe a bundinha etc etc. No entanto, por mais que forçasse a barra e continuar criando bobagens pra animar o rebanho do abadá, a axé music manteve-se dentro de certos limites. Já a grosseria nestes chamados forrós é própria deles. Começou como uma brincadeira, uma brincadeira que acabou sendo o padrão em todas as bandas. Foi mais ou menos isto que aconteceu nos anos 70, com o forró (o de verdade), e o duplo sentido. No começou era "Passei a noite procurando tu", "Ele tá de olho na butique dela", "Que diabo você tinha?", aí entrou Zenilton de sola com Tabaco, o gostoso da novela, Quiabo cru, Lasca de minhoca, e por aí vai. Porém os forrozeiros conheciam limites, e a piada foi perdendo a graça. E os mais apelativos feito Sandro Becker saíram de linha. Com as bandas não. O tripé rapariga, cachaça, e gaia vem sendo repetido de tal forma, e há tanto tempo, que acabou entrando na linguagem do pessoal que curte tal tipo de música, na qual mulher sempre é gaieira ou pra ser consumida e cuspida em seguida. Cachaça é pra beber até cair, e carro não é apenas meio de transporte, mas lotação pra encher de rapariga. Moderação somente no bom-gosto.
A música? Sob qualquer critério, é muito ruim. Repete-se uma fórmula, com naipe de metais sem a menor criatividade. Os vocais são sempre muito monótonos. Os cantores formularam um tipo de interpretação apropriada para a grosseria do que cantam. As cantoras tentam emular Ivete Sangalo, cuja música também não é lá uma brastemp, mas pelo menos a baiana tem classe, ou pelo menos estilo.
A fuleiragem é música comercial no pior sentido do termo. Tudo bem que seja. Afinal, talento é pra quem tem, não pra quem quer ter. Agora, chamar aquilo de forró é um desrespeito à memória de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Abdias, Marinês, Jacinto Silva, Marinalva, Zito Borborema, Cobrinha, Lindú e Coroné (do Trio Nordestino), e tantos outros. E uma prova de que estas bandas só trazem forró no nome tá na revista Sucesso, de janeiro do ano passado. Nela se anunciava o surgimento de mais uma banda a Dinamite do Forró, cujo estilo assim foi definido por Marquinhos Maraial, produtor do grupo: "A Dinamite do Forró traz uma mistura de forró, vanerão, axé, calipso e arrocha". E aí onde se lê "forró" leia-se "lambada estilizada". Nada contra a mistura de ritmos, ou a lambada, até porque, teve uma época em que Marinês, ou Abdias gravaram discos inteiros de carimbó. Mas não disfarçavam chamando aquilo de forró. Era carimbo mesmo, e do bom.
Ruim, ser ou não ser?
Publicado em 13.06.2008
JOSÉ TELES é crítico musical do Jornal do Commercio

Recebi vários e-mails a respeito dos artigos que assinei aqui nestes Toques Digitais sobre a fuleiragem music. A maioria contra este subgênero musical, derivado da lambada, mas que inexplicavelmente acabou sendo chamado de forró eletrônico. Alguns leitores me consideraram elitista, que quem tem o direito de gostar ou não de determinado tipo de diversão é o povo. Teoricamente é. Mas quando massificam um estilo musical a ponto de grande parte do povo não conseguir mais discernir o que é bom ou ruim, aí a coisa passa a ser discutível. Foi o que acontece, por exemplo, com a axé music. Antes dela o carnaval de Salvador era animado pelos trios elétricos. E aí, aquela pausa que refresca para lembrar que trio elétrico, o de Dodô & Osmar, ou Tapajós, não tinha nada a ver com o que se convencionou denominar trio elétrico de uns 15 anos pra cá. De trio, as bandas de axé têm como semelhança apenas o caminhão turbinado sobre o qual desfila.
Mas como dizia, antes de ser tão rudemente interrompido por mim mesmo, os foliões soteropolitanos corriam atrás do trio elétrico, que tocava frevos, marchinhas, tudo coisa fina. Alguns trios até fizeram sucesso nacional, tocavam no rádio e tal. Aí surgiu a axé music, e exatamente quando a indústria fonográfica nacional alcançava a maioridade. Com as multinacionais instaladas no país, montando estúdios dotados de alta tecnologia, com poder de fogo para disseminar país afora a música que quisessem. Esta maioridade, graças as recordistas vendas de discos no final dos anos 70. Ao contrário do que se costuma propagar em livros, ensaios e em entrevistas, não foram os popularescos Agnaldo Timotéo, Odair José e quejandos que seguraram a onda das gravadoras, permitindo que estas mantivessem em seu cast artistas classe A, que vendiam pouco. Chico Buarque vendeu quase um milhão de cópias de seu LP de 1978 (aquele que tem Cálice). Maria Bethânia emplacou 1 milhão de Álibi. Isto levou as multinacionais e olharem com olhos grandes para o Brasil, eu se tornou o quinto mercado mundial do disco.
Mas tergiversações à parte, quando a axé surgiu, as gravadoras foram nela "di cum força". Os produtores baianos também se profissionalizaram. E não mais que de repente, Daniela Mercury, Netinho, Banda Beijo, Ásia de Águia, Chiclete com Banana tornaram-se ídolos nacionais. Mas não eram artistas de shows. O negócio deles era carnaval. Sabiamente, os empresários passaram a exportar a micareta, que existia em Feira de Santana, há anos O povo que anos antes comprava Chico, Bethânia, Milton Nascimento foi sendo acostumado a gostar de axé que nem era tão ruim assim. Apenas, mais uma música carnavalesca. Quando a axé deu sinais de exaustão, vieram outros gêneros, só que cada vez mais nivelado ao rés do chão.
Aliás, esta história de música ruim é complexa. Para mim tem dois tipos de ruim. Um é o ruim por inépcia, como é o caso de Babau do Pandeiro, ou Ademir, um sujeito que não sei de onde saiu, mas gravou uma das piores músicas que já escutei na vida, um forrozinho de lascar (arrisquem e ouçam no áudio deste artigo. A culpa foi do produtor Geraldinho Magalhães, que me mandou este incrível, extraordinário Ademir). Tem o outro ruim, que é o premeditado. Por exemplo, Paulo Sérgio Valle escreveu letras fantásticas para canções do irmão dele, Marcos Valle. Anos depois passou a escrever letras para sertanejos, ruins naturalmente, porque sertanejo não é muito exigente neste item, e seu público aprendeu a gostar de obviedades poéticas.
Aí chegamos na fuleiragem music. Estas bandas lembram certas crianças mimadas, que dizem um palavrão diante das visitas e aí todo mundo ri. Então o pirralho capricha no palavrão, e diz os mais cabeludos que conhece, porque considera que irá divertir ainda mais os pais e as visitas. Elas começaram com trocadilhos primários, feito aquela "O vizinho quer comer meu cu...elhinho", depois é o que se vê e ouve atualmente. A música das bandas são ruins, por qualquer ângulo que se analise. Ms música ruim sempre houve, sempre haverá. Nunca houve foi música ruim com tal ideologia. É estranho, ver garotas numa platéia de uma banda assumir que é "gaieira", "rapariga", nem que se incentive tanto a beber sem a menor moderação.
A mesma banda que está por aí num comercial de bebida, que termina com o indefectível: "Beba com moderação", em seus shows e DVDs sugere que se beba até cair, que se pare num cabaré, cheio de mé, e se encha um caminhão de rapariga. Aí é, como diz o personagem de No coração das trevas, de Joseph Conrad: "O horror, o horror
!

Um abraço para todos:

Beto L. Carvalho

Carpe Diem

terça-feira, junho 03, 2008

Um Novo Colaborador

Bom gente, volto por aqui com uma resenha feita por um grande novo amigo de Fortaleza que tive a honra de trabalhar no ano passado, o Atilla grande defensor da cultura brasileira assim como eu e que a partir de hoje passa a ser nosso colaborador...


"Caro Beto,não resisto em lhe passar boas noticias e uma delas é que a concha acustica da UFC sambou pra burro.
Que privilégio á nós cearenses presenciarmos duas apresentações sensacionais:
Pantch e as Rochas e Otto.
Gostaria de começar com o grande baterista Pantico Rocha e sua orquestra percussiva Pantch e as Rochas, formada por membros do bloco carnavalesco Unidos da Cachorra que lhe deu uma base para executar um repertório setentista e também atual com musicas próprias e também dos bardos pernambucanos Lenine e Lula Queiroga. A apresentação começou com os acordes de "2001", dos Mutantes, passando por "Divino, Maravilhoso" de Gal Costa e encerrando com a participação especialissima do violão de Manassés em "Carneiro" de Ednardo. Mas a noite estava só começando e após as apresentações das bandas vencedoras do festival ecos de 68, entrou Otto inspirado de cara com o sucesso "Indaguei a Mente" e depois uma sequencia matadora: "O Celular de Naná", Low, Bob e "Tv a Cabo".
Mas o que mais chamou atenção foi a coleção de citações entre as canções: "Olha pro céu "de Luiz Gonzaga, "Sinhá Pureza"de Pinduca,"Enquanto Engomo a Calça"de Ednardo e uma versão bem safada de"Mora na Filosofia" de Mansueto Meneses.
Os sucessos de otto foram desfilados diante de um publico completamente entregue á prosa afro-urbana e psicodélica de Otto e sua Jambroband,que contava com a participação do guitar hero cearense Fernando Catatau que havia se apresentado no dia anterior com sua banda Cidadão Instigado.
Meu amigo,me despeço aqui pedindo que você volte a incentivar as artes em sua terra através de seu blog, de minha parte continuarei a lhe enviar resenhas de shows que presenciar sempre de acordo com o universo musical que compartilhamos..."

Então é isso meu povo, o Atilla detonou nesse texto e espero que ele sempre tenha novidades para a gente lá da terra de Iracema, e para não fugir do esquema do blog, aqui vão umas músicas citadas na resenha:


2001
(Tom Zé)
Astronauta libertado
Minha vida me ultrapassa
Em qualquer rota que eu faça
Dei um grito no escuro
Sou parceiro do futuro
Na reluzente galáxia
Eu quase posso falar
A minha vida é que grita
Emprenha se reproduz
Na velocidade da luz
A cor do sol me compõe
O mar azul me dissolve
A equação me propõe
Computador me resolve
Amei a velocidade
Casei com 7 planetas
Por filho, cor e espaço
Não me tenho nem me faço
A rota do ano-luz
Calculo dentro do passo
Minha dor é cicatriz
Minha morte não me quis
Nos braços de 2.000 anos
Eu nasci sem ter idade
Sou casado sou solteiro
Sou baiano e estrangeiro
Meu sangue é de gasolina
Correndo não tenho mágoa
Meu peito é de sal de fruta
Fervendo num copo d'água

Divino Maravilhoso
(Caetano Veloso)
Atenção
Ao dobrar uma esquina
Uma alegria
Atenção, menina
Você vem
Quantos anos você tem?
Atenção
Precisa ter olhos firmes
Pra este sol
Para esta escuridão
Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso
Atenção para o refrão
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte
Atenção
Para a estrofe, para o refrão
Pro palavrão
Para a palavra de ordem
Atenção
Para o samba exaltação
Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso
Atenção para o refrão
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte
Atenção
Para as janelas no alto
Atenção
Ao pisar no asfalto mangue
Atenção
Para o sangue sobre o chão
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte
Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso
Atenção para o refrão
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte



Indaguei a Mente
(Otto)
Vai teu corpo, leva de mim
Teu passado todo
Consolo
E ficar por aqui
Vai ter a quaresma na terra
E a guerra não deve existir
Só rima com escravos, não cravos
De bonitas rosas
Já que indaguei a mente e não a alma
Que bonita flor
Primeiro a imaginação
Depois eu poderia pôr
Você faz bem isso
Que te amo
Já que indaguei a mente
E não a alma
Elegi o amor

TV a Cabo/O Que Dá Lá é Lama
(Otto)
Acabo de comprar uma tv a cabo
Acabo de entrar pra solidão a cabo
Acabo de comprar uma tv a cabo
Acabo de entrar pra solidão
Acabo de cair no dezesseis acabo,
Acabo me tornando usuário a cabo
Acabo de cair no dezesseis acabo,
Acabo me tornando usuário
Do doze pro cinqüenta e sete é um assalto
E um sete um?
Um sete um (vai net,vem net)
Só não caí porque sou nordestino bem alimentado
É o caranguejo
O que dá lá é lama
A recifes amas
É o dalai lama


Um grande abraço para todos:
Beto L. Carvalho
Carpe Diem

sábado, maio 10, 2008

Voltando ao Blog com Chave de Ouro

Olha eu de volta por aqui, meu povo...
Depois de um show monumental que assisti ontem, tinha que vir compartilhar com todos, a exuberância de uma cantora que tem o gene da música e que já provou não ser a cópia da mãe e sim uma mulher de talento e competência para dominar o público, Salve Maria Rita...
Ontem, aliás, hoje já que o show começou por volta da 12:15 com o Chevrolet Hall cheio mas não lotado ela chegou comandando a festa com uma presença de palco,com cereza herança da mãe, que impressiona e visivelmente emocionada homenageou a terra da sua produtora, que é pernambucana, falando que comeu macaxeira com carne de sol e que tinha uma responsabilidade muito grande por está cantando aqui...
Com um repertório baseado no Samba Meu, seu último disco, mas sem esquecer os grandes sucessos de suas outras obras, ela mostrou uma alegria cantando, como a muito eu não via num artista, o prazer era visivel no seu sorriso e com uma banda afinada, passou 1:15 desfilando, sambando, posando para fotos e voltou para o bis onde deve ter cantando mais um tempinho, nesse momento tive que sair, pois a chuva denunciava que teria trabalho para pegar meu carro, mas valeu a pena ir pela segunda vez no Chevrolet e pela primeira vez ver essa musa da MPB...
Quanto ao show de abertura, o Nós 4 fez um show simples com seu repertório de covers com novos arranjos já conhecido do grande público, o que satisfez a espera pela atração principal...
Bom, como é de costume, vou colocar quatro músicas do Samba Meu que fizeram parte do repertório do show:



Tá Perdoado
(Arlindo Cruz / Franco)
Defumei o corredor,
Perfumei o elevador
Pra tirar de vez o mau olhado
A saudade me esquentou
Consertei o ventilador
Pro teu corpo não ficar suado
Nessa onda de calor
Eu até peguei uma cor
com o corpo todo bronzeado
Seja do jeito que for
Eu te juro meu amor
Se quiser voltar, perdoado
Fui a a Salvador
De joelho ao Redentor
Pra ver nosso amor abençoado
Nosso lar se enfeitou
A esperança germinou
Ah, tem muita flor
Pra todo lado
Pra curar a minha dor
Procurei um bom doutor
Me mandou beijar teu beijo
Mais molhado
Seja do jeito que for
Eu te juro, meu amor,
Se quiser voltar, perdoado
E se voltar te dou café
Preliminar com cafuné
Pra deixar teu dia mais gostoso
Pode almoçar o que quiser,
E repetir,
Te dou colher
Faz daquele jeito carinhoso
Deixa pintar o entardecer
E o sol brincar de se esconder
Tarde e chuva
Eu fico mais fogosa
E vai ficando pro jantar
Tu vai ver ,
Pode esperar
Que a noite será maravilhosa

O Homem Falou
(Gonzaguinha)
Pode chegar que a festa vai é começar agora
E é pra chegar quem quiser,
Deixe a tristeza pra lá
E traga o seu coração, sua presença de irmão
Nós precisamos de você nesse cordão
Pode chegar que a casa é grande e é toda nossa
Vamos limpar o salão, para um desfile melhor
Vamos cuidar da harmonia, da nossa evolução
Da unidade vai nascer a nova idade
Da unidade vai nascer a novidade
E é pra chegar sabendo
Que a gente tem o sol na mão
E o brilho das pessoas é bem maior
Irá iluminar nossas manhãs
Vamos levar o samba com união
No pique de uma escola campeã
Não vamos deixar ninguém atrapalhar
A nossa passagem
Não vamos deixar ninguém chegar com sacanagem
Vambora que a hora é essa e vamos ganhar
Não vamos deixar uns e outros melar
Eô eô eá, que a festa vai apenas começar
Eô eô eá, não vamos deixar ninguém dispersar

Casa de Noca
(Serginho Meriti / Nei Jota Carlos / Elson Do Pagode)
O couro comeu na casa de noca, nêgo
Não teve jeito
Na casa de noca, quando o couro come,
É sinal que a dona quer respeito
Tem nego pensando que a casa de noca
É farra, é fofoca
É canjerê
Que é só ir chegando,
Entrando e pegando
Levando na marra a primeira que vê
Ah, nêgo!
Mexeu com fogo
Deu uma de bobo,
E bobo não pode beber
Da água que jorra da fonte
Não fale, não conte,
Pois ele não vai entender
Pisou na entrada e na saída
E nessa vida tem que ter molejo,
Jogo de corpo, uma boa visão
Tem que ser maleável,
Olha lá meu irmão
Bote a bola no chão

Maria do Socorro
(Edu Krieger)
Maria do Socorro
Suas pernas torneadas
Pelas ladeiras do morro
Ela vai pro baile funk
De shortinho, top e gorro
É afim do Zé Galinha
Mas namora o Zé Cachorro
E no baile
Só dá ela, só dá ela
Já foi Miss Comunidade
Na favela
Hoje sonha
Em morar n'outro lugar
Mas Zé cachorro não deixa
A gata se queixa
Mas fica por lá
Um Abraço para Todos:
Beto L. Carvalho
Carpe Diem