sexta-feira, dezembro 09, 2005

Uma Resenha Critica

Um tema que merece ser analisado por todos...
CINEMA PARA TODOS??

Por Mirella Alves


Assim que acordei hoje, peguei o jornal para ler. Sexta-feira, corro logo para ver o que entrou em cartaz no cinema e a programação cultural geral da cidade. No entanto, fiquei surpresa e, ao mesmo tempo, indignada com o que vi: As crônicas de Nárnia está sendo exibido em nada menos que 13 salas e Harry Potter e o Cálice de Fogo permanece "dominando" 15 salas.

Nada contra as superproduções americanas, mas acho, no mínimo, um abuso uma cidade como Recife, que possui um bom público amante da 7ª Arte, ter 28 de suas 47 salas ( ou seja, mais da metade ) ocupadas por 2 filmes "arrasa-quarteirões"; ao passo que a FUNDAJ com apenas uma sala estará exibindo nada mais, nada menos que 32 filmes em apenas 13 dias na sua famosa Retrospectiva 2005/ Expectativa 2006. Na verdade, muito mais Expectativa, que Retrospectiva, já que apenas 3 filmes foram exibidos em circuito ( 2 deles na MostraMundo ) e todos os demais são inéditos.

É sabido que há toda uma polêmica a respeito dos filmes considerados "de arte" que são os exibidos em salas como a do Cinema da Fundação e que a principal justificativa de essas películas não entrarem nas outras salas é a falta de público "razoável para mantê-las em cartaz". Isso não é bem, digamos que, verdade. Recife, uma cidade"cinéfila" por natureza, que já foi considerada a "Hollywood brasileira" na primeira metade do século passado, é uma das melhores "praças" para o cinema,ao lado de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, tanto que sedia festivais nacionais importantes, e por isso atrai as atenções de todo o país, não só dos atores, produtores e fãs, mas das distribuidoras também, não pode dizer, portanto, que não há "público" para esse tipo de produção. Há sim. E muito. Alguns complexos de salas de cinema até já dedicaram uma parte, ainda que timidamente ( são apenas algumas sessões ao longo da semana ), de sua programação aos filmes considerados "não pipocas". Talvez, tenham medo de não conseguir o "retorno" esperado, daí a "entrada sutil" no estilo. O Box foi que reservou uma sala exclusiva para "filmes de arte", mas quando bem entende, retiram e colocam qualquer blockbuster e nem ao menos avisam ao público, o que revela, também, um certo desinteresse em películas dessa natureza. Resta-nos apenas fazer peripécias em nossos horários para tentarmos assistir a alguma coisa, de fato, de boa qualidade na programação da FUNDAJ que, devido a grande quantidade de filmes e o curto espaço de tempo para exibi-los, ficou com vários horários ingratos.

Então, ficam as questões: será que temos cinema para todos??? Para todos os gostos ( digamos assim) ??? Será que "filme-cabeça" é chato??? É chato porque é só para intelectual, porque somente ele entende???
Suponho que não. O chato mesmo é não ter opção para irmos assistir a esses filmes e o que não se entende é que só temos a oportunidade de vê-los no Cinema da Fundação.
Ainda bem que existe o Cinema da Fundação.
Um abraço para todos:
Beto L. Carvalho
Carpe Diem

terça-feira, dezembro 06, 2005

Uma Resenha Sobre um Show Imperdivel( E Eu Perdi!!!!)

Como já está se tornando rotina mais uma resenha da primeira dama, sobre um show que não tive a sorte de ir, estava na primeira comunhão de minha sobrinha, mas fui bem representado por Milla, a pessoa que me faz muito feliz...


25 ANOS DE AMOR Á MÚSICA E AO RECIFE
Geraldo Maia festeja 2 décadas e meia dedicados à música.

Por Mirella Alves

A fila que já se formava por volta das 17h30 na entrada do auditório da Livraria Cultura demonstrava que logo, logo o início da noite seria promissora. E foi. Tratava-se do show de Geraldo Maia celebrando as bodas de prata do seu "casamento" com a música.

Precisamente às 6 da tarde, as luzes se apagaram e começou a projeção de um vídeo com depoimentos de amigos que estiveram presentes nessa caminhada ( toda ou em parte dela ) com o artista, fosse trabalhando junto a ele ou apenas apoiando, mas todos peças importantes de todo o trabalho construído e movidos pelo mesmo propósito: declarar toda a admiração ( merecida ) a Geraldo Maia.

Em seguida, ouve-se a tão singular voz de Geraldo alguns versos de Manuel Bandeira ( do poema "Recife" ) e abrir o show com "Evocação N° 1" sem acompanhamento de instrumentos, apenas "declamada", portanto abrilhantada pelo timbre especial de Maia.

Era notória e contagiante a emoção transmitida no olhar, nas feições e, sobretudo, na voz de Geraldo Maia. E foi esse sentimento que permeou toda a apresentação. No repertório, entremeado por poemas de Manoel Bandeira e Carlos Pena Filho, uma compilação de músicas dos CDs "Verdágua", "Astrolábio e "Samba do Mar Quebrado" que deve ter sido uma tarefa, no mínimo, complexa, fazer essa seleção, uma vez que "todas" deveriam ser escolhidas, pois todas elas são especiais. Mas, como não daria para colocar "tudo", as opções não poderiam ter sido mais acertadas. Com uma ressalva: "Recífia" não poderia ter ficado de fora.

"Morena rara", do Verdágua, foi cantada na presença do próprio compositor, Zeh Rocha, que estava prestigiando e deve ter se sentido muito orgulhoso com a bela interpretação, "Barracão", do Samba do Mar Quebrado, contou com a participação inesperada de Gonzaga Leal ( que estava na platéia e Geraldo o convidou na hora para com ele dividir o palco e o microfone ); e um dos pontos altos do show foi a participação do Grupo Choro Brasil na excepcional canção "Padroeiro do Brasil", e em "Teu Retrato" , ambas de seu último disco. Aliás, foi o disco mais contemplado, digamos assim. E era de se esperar. Além de ser o trabalho mais recente do artista, é todo dedicado ao samba e um dos mais belos trabalhos feitos até hoje no Brasil sobre o gênero. Destaque ainda para "Monocultura", ressaltada pela extasiante percussão de Jerimum de Olinda e para um poema de João Cabral de Melo Neto, musicado por Cátia de França, e ainda intercalado pelo poema "O Bicho", de Bandeira.

Já se passara uma hora e meia de apresentação, quando Geraldo entoou "Mestiçagem" e "Feijão com couve", contando mais uma vez com o talento do Choro Brasil e a expressividade de sua banda, completando o que diz a letra da segunda música, feijão com couve, nesse caso, deu muito talento a Geraldo Maia.

Um Abraço para Todos:
Beto L. Carvalho
Carpe Diem