terça-feira, maio 24, 2005

Mais um Artigo de um Recente Grande Amigo


Um Tema Diferente

Irei colocar hoje mais um artigo do jornalista e meu professor Pedro Procópio, que não tem a ver com cultura brasileira, mas achei muito interessante e espero que vocês também curtam...
Fotografia é uma área que devemos sempre considerar como arte, já que coisas belissimas podem ser feitas com uma máquina...
Eugene Smith tem uma sensibilidade impressionante, bastando ver essa foto acima...
Estou aceitando colunistas para o blog, espero a colaboração de todos, é só deixar o contato nos comentários...
No titulo temos o primeiro artigo de Pedro publicado aqui no blog no inicio do mês...


Eugene Smith: Fotografia , Luta e Missão Cumprida.
Pedro Paulo Procópio

O sofrimento transformado em dignidade, o ser humano captado num momento único de emoção e registrado pela lente do fotógrafo. São características como essas que compõem e dão forma ao trabalho do fotojornalista norte-americano Eugene Smith (1918-1978). A obra de Smith é, na realidade, um mister de arte com preocupação e cuidado social. Uma fotografia moral.
As imagens retratadas por Eugene Smith são capazes de falar, contar e encantar mais do que tudo o que já foi escrito sobre esse homem, nascido em Wichita, pequenina cidade do Estado norte-americano do Kansas. Um dos exemplos de seu trabalho e, sem dúvida, o mais forte é Tomoko Banhada Pela Sua Mãe, Minamata / Japão, 1972.
Mais uma vez o espírito humanista desse fotógrafo ecoou e a foto da garota, completamente deformada pelos efeitos da acumulação de mercúrio das indústrias japonesas, nos braços de uma mãe angustiada com semblante repleto de amor, comoveu o planeta. A comoção não é tudo, a fotografia transformou-se num dos manifestos ecológicos mais difundidos do planeta.
O seu último grande projeto, quando a foto de Tomoko foi tirada, realizou-se entre 1971 e 1975 e permanece como um dos marcos do fotojornalismo em todo o mundo. O trabalho de Smith transcendeu o campo jornalístico ou artístico e virou luta. Luta por um mundo melhor.
Pode-se atribuir também um pouco de religiosidade `a obra de Smith, que por ter sido católico, parecia acreditar na fotografia como um instrumento para a remissão dos pecados, bem como algo capaz de despertar a “boa consciência” do ser humano. De forma independente ao caráter ou a crença religiosa de Eugene Smith, uma coisa é fato: impossível não refletir ou mesmo se emocionar diante do que as lentes de Smith foram capazes de registrar.
Um dado curioso sobre a vida e a carreira desse norte-americano do Kansas é o seu ingresso no fotojornalismo. Um ato de protesto, talvez. O seu pai cometeu suicídio e conforme Smith os jornais distorceram as informações. Resultado: Eugene Smith resolveu buscar um trabalho no mais alto padrão de qualidade possível, engajado. Surge assim mais que um simples fotojornalista. Um “fotohumanista”.
Nada mais justo que depois de vinte e cinco anos da morte de Eugene Smith, relembrar os seus ideais e usufruir um pouco do seu dilema: foto para informar ou foto para servir de arte engajada? Certamente suas imagens foram as duas coisas e um pouco mais. Emoção.
“Eu sou um idealista. Eu constantemente sinto que gostaria de ser um artista numa torre de marfim. É imprescindível que eu fale com as pessoas, para as pessoas, então eu tenho que sair dessa torre de marfim. Para fazer isso eu sou um jornalista — um fotojornalista. Mas eu estou sempre dividido entre a atitude do jornalista, que é de gravar os fatos, e o artista que freqüentemente estranha os fatos. Meu princípio é a honestidade – acima de tudo – a honestidade para comigo mesmo...” Missão Cumprida.

Serviço: Para conhecer um pouco melhor o trabalho de Eugene Smith:



Um abraço para todos:
Beto L. Carvalho
Carpe Diem

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