terça-feira, outubro 05, 2004

Simples

Apesar de algumas pessoas não gostarem, esse blog é uma ótima opção para se visitar:

http://www.lubarbosa.blogger.com.br/

Eu estou cada vez mais convencido que as pessoas deveriam ter um pouco mais de respeito com quem faz um trabalho que é importante para algumas pessoas...
O mundo gira e acaba a gente se encontrando nas quebradas da vida...
Eu vou fazer uma homenagem simples a Chico Buarque, com quatro músicas dele que representam a força de suas composições e eu espero que todos aproveitem e cliquem no titulo e conheçam um pouco mais desse monstro sagrado da MPB, ai estão as músicas:

Gota d'água
Chico Buarque
Já lhe dei meu corpo, minha alegria
Já estanquei meu sangue quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta
Pro desfecho da festa
Por favor
Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água

Apesar de Você
(Chico Buarque)
Hoje você é quem manda, falou, tá falado, não tem discussão, não
A minha gente hoje anda falando de lado e olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado e inventou de inventar toda a escuridão
Você que inventou o pecado esqueceu-se de inventar o perdão
Apesar de você, amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você onde vai se esconder da enorme euforia
Como vai proibir quando o galo insistir em cantar
Água nova brotando e a gente se amando sem parar
Quando chegar o momento, esse meu sofrimento vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido, esse grito contido, esse samba no escuro
Você que inventou a tristeza, ora, tenha a fineza de desinventar
Você vai pagar e é dobrado cada lágrima rolada nesse meu penar
Apesar de você, amanhã há de ser outro dia
'Inda pago pra ver o jardim florescer qual você não queria
Você vai se amargar vendo o dia raiar sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir, que esse dia há de vir antes do que você pensa
Apesar de você
Apesar de você, amanhã há de ser outro dia
Você vai ter que ver a manhã renascer e esbanjar poesia
Como vai se explicar vendo o céu clarear de repente, impunemente
Como vai abafar nosso coro a cantar na sua frente
Apesar de você
Apesar de você, amanhã há de ser outro dia
Você vai se dar mal, et cetera e tal, laraia, laraia...


Roda Viva
(Chico Buarque)
Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva e carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante, roda moinho, roda pião

O tempo rodou num instante nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente até não poder resistir
Na volta do barco é que sente o quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva a mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva e carrega a roseira pra lá
A roda da saia, a mulata, não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata, a roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa, viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda viva e carrega a viola pra lá
O samba, a viola, a roseira, um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva e carrega a saudade pra lá

Brejo da Cruz
(Chico Buarque)

A novidade que tem no brejo da cruz
É a criançadaSe alimentar de luz
Alucinados meninos ficando azuis
E desencarnando lá no brejo da cruz
Eletrizados cruzam os céus do Brasil
Na rodoviária assumem formas mil
Uns vendem fumo tem uns que viram Jesus
Muito sanfoneiro cego tocando Blues
Uns têm saudade e dançam maracatu
Uns atiram pedras outros passeiam nus
Mas há milhões desses seres que se disfarçam tão bem
E ninguém pergunta de onde essa gente vem
São jardineiros, guardas noturnos, casais
São passageiros, bombeiros e babás
Já nem se lembram que existe um brejo da cruz
Que eram crianças e que comiam luz
São faxineiros balançam nas construções
São bilheteiros, baleiros e garçons
Já nem se lembram que existe um brejo da cruz
Que eram crianças e que comiam luz


Um abraço:

Beto L. Carvalho
Carpe Diem

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