domingo, abril 17, 2005

O Malandro Do Breque


É o Kid Morengueira


O Samba está voltando aqui no blog com a presença de um artista que viveu 98 anos sempre com uma imagem de malandro...
O samba de breque o tem como principal representante e esse senhor mostrou junto com Bezerra da Silva e Dicró como é fazer esse tipo de música...
Seu Moreira da Silva ou Kid Morengueira deixou saudade em todos que curtem música brasileira...
No titulo tem um link para uma página na internet onde tem um histórico do Kid...
As músicas de hoje fizeram sucesso na voz dele e a última que é um clássico de Chico Buarque também fez parte do seu repertório:

Piston de Gafieira
(Billy Blanco)
Na gafieira
Segue o baile calmamente
Com muita gente dando volta no salão
Tudo vai bem
Mas, eis, porém que de repente
Um pé subiu
E alguém de cara foi ao chão
Não é que o Doca
Um crioulo comportado
Ficou tarado quando viu a Dagmar
Toda soltinha
Dentro de um vestido-saco
Tendo ao lado um cara fraco
E foi tira-la pra dançar?
O moço era faixa preta, simplesmente
E fez o Doca rebolar sem bambolê
A porta fecha enquanto dura o vai-não-vai
Quem está fora não entra
Quem está dentro não sai
Mas a orquestra sempre toma providência
Tocando alto pra polícia não manjar
E nessa altura
Como parte da rotina
O piston tira a surdina
E põe as coisas no lugar
Acertei no Milhar
(Wílson Batista e Geraldo Pereira)
Etelvina, minha filha!
Que há, Morangueira?
Acertei no milhar
Ganhei 500 contos
Não vou mais trabalhar
E me dê toda a roupa velha aos pobres
E a mobília podemos quebrar
Isto é pra já
Passe pra cá Etelvina
Vai ter outra lua-de-mel
Você vai ser madame
Vai morar num grande hotel
Eu vou comprar um nome não sei onde
De marquês, Dom Jorge Veiga, de Visconde
Um professor de francês, mon amour
Eu vou trocar seu nome
Pra madame Pompadour
Até que enfim agora eu sou feliz
Vou percorrer Europa toda até Paris
E nossos filhos, hein?
Oh, que inferno!
Eu vou pô-los num colégio interno
Telefone pro Mané do armazém
Porque não quero ficar
Devendo nada a ninguém
E vou comprar um avião azul
Pra percorrer a América do Sul
Aí de repente, mas de repente
Etelvina me chamou
Está na hora do basquente
Etelvina me acordou
Foi um sonho, minha gente
Amigo Urso
(Henrique Gonzales)
Amigo urso, saudação polar,
Ao leres esta, hás de te lembrar,
Daquela grana que eu te emprestei,
Quando estavas mal de vida, e nunca te cobrei.
Hoje estás bem, e eu me encontro em apuros,
Espero receber, e pode ser sem juros.
Este é o motivo pelo qual te escrevi.
Agora quero que saibas, como me lembrei de ti:
Conjeturando sobre a minha sorte,
Transportei-me em pensamentos ao pólo Norte.
E lá chegando sobre aquelas regiões,
Vá vendo só quais as minhas condições…
Morto de fome, de frio e sem abrigo,
Sem encontrar em meu caminho um só amigo.
Eis que de repente, vi surgir na minha frente,
Um grande urso, apavorado me senti.
E ao vê-lo caminhando sobre o gelo,
Porque não dizê-lo, foi que me lembrei de ti.
Espero que mandes, pelo portador,
O que não é nenhum favor, estou te cobrando o que é meu.
Sem mais, queiras aceitar um forte abraço
Deste que muito te favoreceu.
Eu não sou filho de judeu, Dá cá o meu.
Homenagem ao Malandro
(Chico Buarque)
Eu fui fazer um samba em homenagem
À nata da malandragem
Que conheço de outros carnavais
Eu fui à Lapa e perdi a viagem
Que aquela tal malandragem
Não existe mais
Agora já não é normal
O que dá de malandro regular, profissional
Malandro com aparato de malandro oficial
Malandro candidato a malandro federal
Malandro com retrato na coluna social
Malandro com contrato, com gravata e capital
Que nunca se dá mal
Mas o malandro pra valer
Não espalha
Aposentou a navalha
Tem mulher e filho e tralha e tal
Dizem as más línguas que ele até trabalha
Mora lá longe e chacoalha
Num trem da Central
Um abraço para todos:
Beto L. Carvalho
Carpe Diem

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