segunda-feira, maio 16, 2005

Artigos de um Recente Grande Amigo 2


O Pernambucano que Pinta para o Mundo

Continuando a séria de artigos do amigo professor Pedro Procópio, hoje teremos um sobre artes plásticas representado aqui por Romero Britto, um pernambucano que tem um talento reconhecido no mundo inteiro...
No titulo tem o primeiro artigo publicado dele publicado aqui no blog no inicio do mês...
Vamos ao artigo espero que gostem...


Art Nouveau da Crítica à Consagração. E o que Romero Britto tem com isso?
Pedro Paulo Procópio
Ao discutir arte em nosso Estado é improvável o indivíduo iniciado, ou não, deixar de lado a figura de Romero Britto. As suas pinturas com cores fortes e figuras de expressão pouco humana estão atualmente impregnadas mesmo em rótulos de refrigerantes produzidos em Pernambuco, agendas de telefone, entre outros produtos de consumo em massa.
Romero Britto é o pernambucano que encantou os americanos com o seu “mix” de artes plásticas e design; até Bill Clinton consome o que ele produz, o ator Arnold Shwarzenegger também. O crítico de arte julga tal consumo um demérito. Afinal, essas figuras midiáticas não são conhecedoras e muito menos formadoras de opinião nessa área. Cabe a reflexão: até que ponto a arte puramente comercial, decorativa e admirada por um público não específico tem real valor para os “juizes” da arte?
A figura de Romero serve no presente artigo como ligação – ou mesmo uma máquina do tempo para levar-nos até o fim do século XIX e início do século XX. Esse período é composto por um estilo desenvolvido na Europa e nos Estados Unidos, o qual perdurou até meados dos anos 20 do último século. Objetos decorativos, sem força criadora e apenas com objetivos comerciais ganhavam força. Nossa discussão é sobre Art Nouveau. Cerca de um século depois do seu surgimento, cabe uma forte discussão e mergulho nessa esfera artística – alvo de tantas críticas e controvérsias já naquela época.
O art nouveau é um estilo em busca de renovação, procurando opor-se ao ecletismo historicista do séc. XIX. As artes, principalmente a arquitetura e as decorativas, nessa fase de transição e indecisão, procuravam extrair seus exemplos do passado, criando pseudo-estilos neo-renascentistas, neo-românticos, neo-góticos, etc.
O art nouveau dirige-se mais ao chamado esteta, àquele que está sempre pronto a aceitar o dogma da arte pela arte. Será que assim o crítico de arte deveria encarar o trabalho de Romero Britto ao invés de simplesmente tentar diminuí-lo? Arte pela arte. Por essa razão, ou seja, arte sem engajamento, principalmente por excessos decorativos, o art nouveau decaiu após a sua aceitação e durante várias décadas foi motivo de ojeriza como estilo grotesco.
Virada - De 28 de junho a 28 de setembro de 1952 é realizada uma retrospectiva sobre art nouveau no Kunstgewerbemuseum de Zurique, na Suíça. Após o evento iniciaram-se estudos históricos e críticos mais sérios a respeito desse estilo. Mais tarde, os méritos e os defeitos do art nouveau foram melhor enquadrados no contexto de sua época, graças a mostra organizada em 1960-1961 pelo Conselho da Europa (órgão da UNESCO) no Musée National d´Art Moderne de Paris, denominada Les Sources du XXe . Siècle. Por volta de 1963, renasceu na obra de cartazistas, na estamparia de tecidos e na arte publicitária, trazido sob a influência do pop art. Alguma coincidência com a obra de Romero Britto?
Será que daqui há alguns anos os críticos irão repensar a obra de Romero Britto, o qual é ovacionado pelo público leigo de arte ou a idéia do mau gosto vai ser um rótulo definitivo? O tempo trará a resposta. É importante esclarecer que em momento algum o estilo de Britto é comparado ao art nouveau, e sim destacamos no artigo a coincidência em relação ao repúdio que ambos sofreram por parte dos “experts” em arte. Repensemos já.

Um abraço para todos:
Beto L. Carvalho
Carpe Diem

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